Rio de Janeiro, 21 de Novembro de 2024

Não ceder à União Européia significa prosseguir com o desmatamento

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Domingo, 23 de Julho de 2023 às 19:08, por: Rui Martins




Lula resolveu jogar duro com a União Europeia. No processo de negociação pelo acordo comercial entre aquele bloco e o Mercosul, não aceita a criação de cláusulas que permitam no futuro à UE impor sanções econômicas ao Brasil, caso o país não cumpra com seus deveres frente ao meio ambiente. Ou seja, na prática Lula trabalha pelo direito do agronegócio em desmatar e destruir.




Por David Emanuel Coelho






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Se não houver cláusulas européias no acordo, o desmatamento poderá recomeçar


Não pode ser surpresa, já que o referido tratado de comércio visa justamente beneficiar as exportações brasileiras de produtos agrícolas para a Europa. Os produtos brasileiros sempre tiveram maior aceitação naquele continente devido ao seu preço mais em conta, fruto dos baixos salários praticados por aqui, da expansão da fronteira agrícola e do uso indiscriminado de agrotóxicos de péssima qualidade, mas baratos. Esse fato sempre provocou a ira dos agricultores europeus, sobretudo franceses, submetidos a um sistema produtivo muito mais custoso, e os levou a pressionar por barreiras alfandegárias e impostos de importação.

Do lado de lá, a reclamação sempre esteve com o protecionismo brasileiro em relação às mercadorias industrializadas, aos serviços e à participação de empresas estrangeiras nas compras governamentais. O acordo do Mercossul com a União Europeia é uma forma de equacionar as disputas, colocando o Brasil definitivamente na condição de fornecedor agrícola e abrindo as portas para a ação das empresas europeias.

Ou seja, o grande interesse pelo acordo, do lado brasileiro, é do agronegócio, ávido em colocar fim às dificuldades de acesso de seus produtos ao poderoso mercador europeu. O mesmo agro que apoia em peso Bolsonaro e que há poucos meses bloqueava estradas Brasil afora em prol da virada de mesa eleitoral. No entanto, Lula, o grande mecenas dessa turma, quer torna-los ainda mais forte e, ainda por cima, coloca-los acima de qualquer responsabilização por danos às florestas. Certamente, espera com isso fortalecer o latifúndio para um Brasil mais extrativista e primário.

Só não será possível no futuro reclamar quando a extrema direita voltar com força e tiver milhões fluindo dos rincões agrícolas do país. Como já dizia o ditado, idiotice é fazer o mesmo e esperar resultado diferente.

Por David Emanuel Coelho, editor do blog Náufrago da Utopia

Direto da Redação é um fórum de debates publicado no jornal Correio do Brasil pelo jornalista Rui Martins.






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