Com uma ordem de prisão expedida pelo Supremo Tribunal Federal (STF), o foragido da Justiça brasileira retornou à plataforma após o bilionário norte-americano Elon Musk criticar as decisões do ministro do STF Alexandre de Moraes e permitir o retorno de Santos. A transmissão ocorreu entre 22h e 23h, na véspera.
Por Redação - de Brasíllia
O blogueiro de ultradireita Allan dos Santos, banido das redes sociais no país após uma série de mentiras divulgadas em favor do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), voltou à ativa neste domingo, em uma afronta ao Poder Judiciário brasileiro. Santos fez uma transmissão na rede X (ex-Twitter) para um público de cerca de 10 mil internautas, na conta oficial do canal Terça Livre, bloqueada por ordem judicial desde 2021.
Com uma ordem de prisão expedida pelo Supremo Tribunal Federal (STF), o foragido da Justiça brasileira retornou à plataforma após o bilionário norte-americano Elon Musk criticar as decisões do ministro do STF Alexandre de Moraes e permitir o retorno de Santos. A transmissão ocorreu entre 22h e 23h, na véspera.
Musk acusa o ministro de censura. Após os comentários, Moraes incluiu Musk no inquérito que investiga a existência de milícias digitais antidemocráticas e seu financiamento. Ao longo dos minutos em que ficou no ar, Allan xingou Moraes e disse que retomará as atividades do canal em território norte-americano, onde se encontra refugiado, em transmissões diárias.
Bolsonarista
Santos também indicou que, em futuras transmissões ao vivo, trabalhará pela eleição de candidatos de direita nas eleições municipais de outubro. O portal teve suas atividades interrompidas há três anos, após o bolsonarista virar alvo do STF pela publicação de conteúdos antidemocráticos e ataques à corte. A conta ganhou notoriedade em 2018, quando foi usada para mobilizar o público de direita, sobretudo apoiadores de Bolsonaro.
Em outra rede social, o Instagram — de propriedade do empresário norte-americano Mark Zuckerberg —, Allan criou, ao longo do tempo, contas pessoais reservas, já removidas pela plataforma. O número já chegou a 40 perfis nessa sexta-feira.
Na rede X, o perfil de Santos amanheceu bloqueado, nesta segunda-feira. Ao tentar acessar a página, a mensagem na tela informa que a conta foi retida no Brasil em resposta a uma exigência legal. Nos EUA, porém, era possível acessá-la até o início desta tarde.
Multa pesada
O influenciador digital também leu, durante a breve transmissão na noite passada, em tom desafiador, a decisão em que Moraes incluiu Musk entre os investigados no inquérito e fixou multa de R$ 100 mil para os descumprimentos da rede X. Musk publicou também uma série de mensagens ao longo deste fim de semana relacionados ao Brasil. Ele disse que estava "levantando restrições" impostas por decisão judicial de sua rede e defendeu que Moraes deveria renunciar ou ser impedido.
O empresário ainda não se manifestou sobre a decisão do ministro, mas antes, já havia replicado o comentário de um usuário do X que dizia, em inglês, "amigos do Brasil, arranjem um VPN”. Ao incluir Musk no inquérito das milícias digitais, Moraes afirmou que o empresário iniciou no sábado uma campanha de desinformação sobre a atuação do STF e do TSE que foi reiterada neste domingo, "instigando a desobediência e obstrução à Justiça, inclusive, em relação a organizações criminosas".
O ministro destacou a declaração de Musk de que rescindirá o cumprimento das ordens emanadas da Justiça brasileira relacionadas ao bloqueio de perfis criminosos e que espalham notícias fraudulentas. Segundo o ministro, na hipótese, está caracterizada a utilização de mecanismos ilegais pela rede X, "bem como a presença de fortes indícios de dolo do CEO da rede social, Elon Musk, na instrumentalização criminosa investigada em diversos inquéritos”.
Repercussão
Após o bilionário Elon Musk desafiar a Justiça brasileira, líderes governistas do Congresso voltaram a levantar a necessidade de se aprovar a regulação das plataformas digitais no Brasil. Na outra ponta, integrantes da oposição saíram em defesa do dono da plataforma X, ao reforçar a tese de censura e de violação da liberdade de expressão no Brasil.
O empresário, que também é dono da fabricante de veículos elétricos Tesla, pediu o impeachment do ministro Alexandre de Moraes, e disse que não acataria a decisão judicial que determinou a suspensão de perfis acusados de disseminar notícias falsas que atentariam contra o STF e a democracia.
O líder do governo no Congresso, senador Randolfe Rodrigues (Sem partido-AP), destacou que o comportamento do bilionário é uma interferência estrangeiras que conspira contra a democracia.
— Precisamos avançar com celeridade na votação do PL 2630, de relatoria do amigo Orlando Silva. E mais: (nesta segunda-feira) me reunirei com o presidente da Anatel para avaliar quais medidas podem ser tomadas contra a grave ameaça representada pelas decisões e declarações recentes do dono do X — resumiu, a jornalistas.