Rio de Janeiro, 05 de Dezembro de 2025

Ministério da Economia estuda outro desenho para compor teto de gastos

Os técnicos do Ministério da Economia avaliam como um dos objetivos da regra aproximar o Brasil do nível de endividamento de outros países emergentes – patamar que estaria em torno de 60% do PIB. De acordo com o mecanismo estudado, caso o endividamento volte a aumentar e ultrapasse determinado nível, o crescimento real da despesa ficaria mais limitado.

Segunda, 08 de Agosto de 2022 às 13:05, por: CdB

Os técnicos do Ministério da Economia avaliam como um dos objetivos da regra aproximar o Brasil do nível de endividamento de outros países emergentes – patamar que estaria em torno de 60% do PIB. De acordo com o mecanismo estudado, caso o endividamento volte a aumentar e ultrapasse determinado nível, o crescimento real da despesa ficaria mais limitado.

Por Redação, com FSP - de Brasília
Por uma demanda do ministro da Economia, o empresário Paulo Guedes, o corpo técnico da autarquia elabora o desenho de uma nova regra para as contas públicas que torna flexível o teto de gastos (medida que impede as despesas federais de crescerem acima da inflação). O estudo promove uma mudança estrutural na norma constitucional, criada em 2016.
economiamoeda.jpeg
O novo estudo do Ministério da Economia sobre o teto de gastos visa aproximar o Brasil de outros países emergentes
Participantes das discussões relatam ao diário conservador paulistano Folha de S. Paulo (FSP) que a proposta deve ser concluída ainda neste mês para ser entregue ao ministro. Depois, deve ser debatida em conjunto também com economistas de fora do governo. A nova regra permite que as despesas federais cresçam acima da inflação se o endividamento federal estiver abaixo de determinado patamar. Atualmente, o teto impede o avanço dos gastos acima do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).

Patamar

Em lugar de a limitação do teto ser o índice inflacionário oficial, um alívio na situação do endividamento permitiria uma expansão correspondente ao IPCA acrescido de um percentual. O percentual "extra" ainda não foi fechado, mas a ideia seria não ultrapassar o crescimento potencial do Produto Interno Bruto (PIB) de longo prazo — visto como algo entre 2% e 2,5%. Os técnicos avaliam como um dos objetivos da regra aproximar o Brasil do nível de endividamento de outros países emergentes – patamar que estaria em torno de 60% do PIB. De acordo com o mecanismo estudado, caso o endividamento volte a aumentar e ultrapasse determinado nível, o crescimento real da despesa ficaria mais limitado. Caso o cenário fiscal continue se deteriorando e o endividamento também, as despesas voltariam a ser limitadas ao IPCA (na prática, o teto tradicional voltaria a valer). O tema tende a ser discutido com mais profundidade após as eleições, independentemente de quem ganhar a disputa pelo Palácio do Planalto. A mudança é defendida internamente como uma política de Estado – e não de governo. Um dos principais desafios neste momento é reunir consenso sobre qual indicador de endividamento será usado como gatilho para o mecanismo, já que a contabilidade pública permite o uso de diversas metodologias para aferir a situação.

Projeções

Um referencial usado por técnicos é que a dívida bruta brasileira não pode ficar acima de 80% do PIB (Produto Interno Bruto) – uma vez que, a partir desse ponto, as taxas de juros cobradas do Tesouro Nacional por investidores começam a ficar muito altas, deteriorando o quadro econômico e dificultando a eficiência das diferentes políticas públicas. Portanto, uma flexibilização só seria possível abaixo desse patamar. Um endividamento menor do que esse já é observado nos números, o que facilita o acionamento da regra no curto prazo. A dívida bruta de governo federal, estados e municípios está atualmente em 78,2% do PIB (também a projeção oficial para o fim do ano). O indicador atingiu um patamar recorde no auge da crise econômica da Covid-19, quando representou 88,6% do PIB e gerou projeções explosivas para o endividamento futuro, mas caiu posteriormente com a retomada da atividade e do PIB. Usando como referencial a média da dívida dos emergentes, um crescimento real das despesas seria permitido quando o endividamento estivesse entre 60% e 80%, por exemplo. Os técnicos ressaltam que os números usados e os parâmetros não são definitivos e podem ser alterados no decorrer do debate pelo governo e pelo Congresso.
Edições digital e impressa