A postura mais rígida sobre imigração afasta a Alemanha de uma política mais liberal adotada por sua antecessora conservadora, Angela Merkel, durante a crise imigratória europeia de 2015.
Por Redação, com Reuters – de Berlim
Os conservadores alemães, sob o comando de Friedrich Merz, fecharam um acordo de coalizão com os social-democratas (SPD) de centro-esquerda, nesta quarta-feira, visando retomar o crescimento na maior economia da Europa, no momento em que uma guerra comercial global ameaça gerar recessão.

O acordo encerra semanas de negociações entre Merz e o SPD depois que ele foi o primeiro colocado nas eleições de fevereiro, mas não conseguiu a maioria, com a Alternativa para a Alemanha (AfD), de extrema-direita, ficando em segundo lugar.
A pressão para se chegar a um acordo adquiriu nova urgência, à medida que o governo assumirá o comando em um momento de turbulência global com um conflito comercial crescente provocado pelas tarifas de importação abrangentes do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
O acordo “é um sinal muito forte e claro para os cidadãos de nosso país. E também é um sinal claro para nossos parceiros na União Europeia”, disse Merz durante uma entrevista coletiva com seus parceiros de coalizão.
– A Alemanha está formando um governo que é capaz de agir e forte – afirmou Merz.
Ao delinear uma série de políticas, a coalizão concordou em reduzir os impostos para as rendas médias e baixas, diminuir os impostos corporativos, reduzir os preços da energia, apoiar o setor de carros elétricos e eliminar uma lei controversa sobre a cadeia de suprimentos.
Também planejou uma comissão para reformar ainda mais os limites de gastos constitucionalmente consagrados da Alemanha, conhecidos como “freio da dívida”, que há muito tempo é visto pelos críticos como um obstáculo ao crescimento.
Com o AfD prometendo pressão, a coalizão também sinalizou uma posição mais dura em relação à imigração, planejando recusar requerentes de asilo nas fronteiras da Alemanha e eliminar a naturalização acelerada, entre outras medidas.
Além disso, anunciou um serviço militar voluntário e a criação de um conselho de segurança nacional, bem como ações para acelerar a aquisição de material de defesa.
Merz, de 69 anos, que chamou os Estados Unidos de Trump de aliado não confiável, já prometeu aumentar os gastos com defesa, conforme a Europa enfrenta uma Rússia hostil, e apoiar as empresas que sofrem com altos custos e demanda fraca.
Imigração
A postura mais rígida sobre imigração afasta a Alemanha de uma política mais liberal adotada por sua antecessora conservadora, Angela Merkel, durante a crise imigratória europeia de 2015.
O acordo de coalizão ainda precisa ser ratificado por uma votação dos membros do SPD.
Se eles apoiarem o acordo, a chancelaria retornará aos conservadores após o interregno de três anos de Olaf Scholz, do SPD, cujo mandato foi marcado pelas consequências econômicas e políticas da invasão em grande escala da Rússia na Ucrânia em 2022.
O conservador União Democrata-Cristã (CDU) ficará com os ministérios da Economia e das Relações Exteriores, além da chancelaria, enquanto o SPD assumirá Finanças e Defesa, de acordo com um documento visto pela Reuters.
Isso coloca o líder do SPD, Lars Klingbeil, no páreo para se tornar ministro das Finanças e provavelmente deixará o popular ministro da Defesa, Boris Pistorius, no cargo.