Rio de Janeiro, 24 de Abril de 2025

Conservadores e SPD firmam acordo para formar governo na Alemanha

Após semanas de negociações, CDU, CSU e SPD firmam acordo para um novo governo federal na Alemanha, liderado por Friedrich Merz. Entenda os detalhes e implicações.

Quarta, 09 de Abril de 2025 às 10:53, por: CdB

Após semanas de negociação, bloco conservador formado por CDU e CSU e os social-democratas do SPD anunciam acordo de coalizão para formar um novo governo federal.

Por Redação, com DW – de Berlim

A Alemanha deu um passo importante nesta quarta-feira para a formação de seu novo governo, que deverá ser liderado pelo conservador Friedrich Merz, da União Democrática Cristã (CDU).

Conservadores e SPD firmam acordo para formar governo na Alemanha | Friedrich Merz (de óculos) deve ser eleito chanceler federal em maio pelo Parlamento. Ele conta com o apoio da CSU, liderada por Markus Söder (à esq.), e do SPD, comandado por Lars Klingbeil e Saskia Esken (à dir.)
Friedrich Merz (de óculos) deve ser eleito chanceler federal em maio pelo Parlamento. Ele conta com o apoio da CSU, liderada por Markus Söder (à esq.), e do SPD, comandado por Lars Klingbeil e Saskia Esken (à dir.)

O bloco composto por CDU e seu irmão da Baviera, União Social Cristã (CSU)o mais votado nas eleições parlamentares antecipadas de fevereiro com 28,6%, e o Partido Social Democrata (SPD), do atual chanceler federal Olaf Scholz e terceiro mais votado, com 16,4%, anunciaram em Berlim a conclusão de um acordo de coalizão para formar um novo governo.

O texto do acordo de coalizão agora precisará ser aprovado por um congresso partidário da CDU, pela executiva do CSU e por uma votação entre os filiados ao SPD. Uma vez confirmado pelas três legendas, a expectativa é que Merz seja eleito o novo chanceler federal pelo Bundestag (câmara baixa do Parlamento alemão) no início de maio.

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A CDU/CSU e o SPD, somados, têm a maioria da cadeiras do Parlamento (328 do total de 630 assentos). A divisão dos assentos não corresponde exatamente ao porcentual obtido por cada partido pois abrange tanto os eleitos por distritos quanto por votos na legenda.

À agência alemã de notícias DPA reportou, citando pessoas a par da negociação, que a CDU assumirá o Ministério do Exterior, pela primeira vez em quase 60 anos. Já o SPD ficará com os ministérios das Finanças e da Defesa. Detalhes sobre o acordo de coalizão serão apresentados às 15h (10h de Brasília).

A eleição parlamentar antecipada foi realizada após a coalizão anterior que comandava a Alemanha, formada por SPD, Partido Verde e o Partido Liberal Democrático (FDP) ruir em novembro passado, devido a disputas sobre como bancar o Orçamento de 2025.

Limite de endividamento foi revisto 

Mesmo antes da formação do novo governo, o bloco CDU/CSU e o SPD já conseguiram uma mudança significativa: reformar o “freio da dívida” do país para criar um superpacote de gastos em defesa e infraestrutura.

A iniciativa foi aprovada pelo Parlamento em março, com o apoio dos verdes. Ela permite gastos gastos ilimitados com defesa, aumenta ainda a capacidade de endividamento dos estados e cria um fundo especial de 500 bilhões de euros para investimentos em infraestrutura para os próximos 10 anos.

A proposta de relaxar o “freio da dívida” era criticada pelo bloco CDU/CSU durante o governo Scholz, mas os conservadores mudaram de ideia após vencerem as eleições, diante das crescentes sinalizações dos EUA de que reduziriam seu apoio militar à Europa e à Ucrânia. A mudança brusca sobre disciplina fiscal, porém, incomodou parte da base conservadora.

Senso de urgência na formação do novo governo

O novo governo assumirá em um momento de grande turbulência global. As iniciativas e declarações do presidente dos EUA, Donald Trump, apontam para uma aceleração das transformações da ordem internacional estabelecida após a Segunda Guerra Mundial, e o aumento das tarifas de importação americanas despertou receio de inflação e de uma recessão global.

A economia da Alemanha, que tem uma forte base exportadora, enfrenta dois anos consecutivos de recessão e deve sofrer perdas com as tarifas dos EUA de 20% sobre todos os produtos da União Europeia e tarifas sobre o setor automotivo. O governo de Merz também deverá lidar com a ameaça contínua da Rússia, em meio a indicações de redução do apoio dos EUA à Ucrânia.

Ao mesmo tempo, a Alemanha vê o crescimento da ultradireita, cujo partido Alternativa para a Alemanha (AfD) ficou em segundo nas eleições de fevereiro, com 20,8%. 

A AfD segue com bom desempenho na preferência dos eleitores, e uma pesquisa Ipsos divulgada nesta quarta-feira colocou a legenda em primeiro lugar, com 25% de apoio entre os alemães, à frente do bloco CDU/CSU, que veio com 24%. É a primeira grande pesquisa de opinião na qual a AfD aparece na frente.

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