A alta de preços tem sido um tema recorrente de manifestações de candidatos à Presidência da República. Na tentativa de reduzir a perda do poder de compra dos brasileiros, fator que preocupa Jair Bolsonaro (PL) em sua tentativa de reeleição, o governo aposta em cortes de tributos e em um pacote turbinado de benefícios sociais.
Por Redação, com FSP - de São Paulo
Apesar da perda de ritmo, a inflação tende a prosseguir em alta até as eleições de outubro, em um quadro ainda desconfortável para o bolso dos brasileiros, avaliam economistas. Segundo analistas ouvidos pela reportagem do diário conservador paulistano Folha de S. Paulo (FSP), nesta quinta-feira, a expectativa é que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) saia de uma alta de 10,07% em 12 meses até julho – dado divulgado na terça-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) – para um avanço perto de 8% no acumulado até setembro.
— O cenário é ainda desconfortável para a população. É uma inflação pressionada, longe da meta do Banco Central — disse à FSP o economista Luca Mercadante, da Rio Bravo Investimentos. Ele projeta IPCA de 8,32% no acumulado até setembro.
A alta de preços tem sido um tema recorrente de manifestações de candidatos à Presidência da República. Na tentativa de reduzir a perda do poder de compra dos brasileiros, fator que preocupa Jair Bolsonaro (PL) em sua tentativa de reeleição, o governo aposta em cortes de tributos e em um pacote turbinado de benefícios sociais, incluindo a ampliação do Programa Auxílio Brasil.
Inflação
O teto para cobrança do imposto estadual sobre a circulação de mercadorias (ICMS) sobre combustíveis e energia, sancionado em junho por Bolsonaro, já provocou reflexos nos preços no mês passado. Produtos e serviços como gasolina e luz caíram no país, levando o IPCA a registrar uma deflação (queda de preços) de 0,68% em julho. Trata-se da menor taxa da série histórica iniciada em janeiro de 1980, segundo o IBGE.
— A redução do índice de inflação é uma boa notícia para um governo que precisa virar votos para vencer as eleições. É bem-vinda. O ponto é que essa diminuição se manifestou até agora em grupos segmentados. Não temos ainda uma queda tão abrupta nos alimentos, como vimos nos combustíveis", diz. "É a pedra no sapato do governo — avalia Creomar de Souza, fundador da consultoria de risco político Dharma Politics.
A redução de preços em julho ficou mais associada a combustíveis e não alcançou itens como a comida, que impacta mais o bolso da população pobre.
Desonerações
Em julho, o grupo alimentação e bebidas acelerou para 1,30%, a maior alta dos nove segmentos pesquisados pelo IBGE. Enquanto a gasolina caiu 15,48%, o leite longa vida saltou 25,46%. Os produtos foram destaques individuais no período.
— A deflação de julho veio com a canetada das desonerações. Em algum momento, isso vai ter de ser compensado — avalia João Beck, economista e sócio do escritório de investimentos BRA.
De acordo com economistas, é possível que o IPCA registre na variação mensal uma nova queda em agosto, menos intensa do que o recuo de 0,68% em julho e ainda sob efeito da trégua nos combustíveis. Para setembro, a expectativa é que o índice volte a mostrar taxa positiva.