Em Paris, um número ainda incerto de manifestantes, mas na casa dos milhares também foram às ruas de cidades francesas neste sábado, no quinto final de semana de protestos em escala nacional contra o governo de Emmanuel Macron.
Por Redação, com Marilza de Melo-Foucher, correspondente em Paris - de Bruxelas e Paris
A polícia de Bruxelas — onde o presidente francês Emmanuel Macron passou o dia, neste sábado — deteve 60 pessoas, neste sábado, na nova manifestação dos coletes amarelos, que teve a participação de 500 pessoas, segundo à agência espanhola de notícias EFE. Uma porta-voz da corporação afirmou aos jornalistas que policiais ainda não divulgaram quantas pessoas continuam presas e quantas foram soltas.
Em Paris, um número ainda incerto de manifestantes, mas na casa dos milhares, também foi às ruas de cidades francesas neste sábado, no quinto final de semana de protestos em escala nacional contra o governo de Macron, mesmo após apelos por uma trégua. Em Paris, as forças policiais tentam conter possíveis episódios violentos. Ainda assim, diversas lojas de grande porte, tais como a Galeries Lafayette, abriram as portas para as compras de Natal.
Conquistas sociais
“Liberté, fraternité e egalité’ continuam a marcar o consciente coletivo francês e os ‘coletes amarelos’ compreendem o que foi a França depois de séculos e os avanços das conquistas sociais que hoje eles os sentem escapar. Apesar do forte frio e chuvas a mobilização dos manifestantes, mesmo com um público menor, continua em toda a França”, escreveu a correspondente do Correio do Brasil, em Paris, Marilza de Melo-Foucher.
Ainda segundo Melo-Foucher, “pela quinta vez a Província vem a Paris. São pessoas de camadas populares e de baixa classe média, uma grande parte desiludida com os representantes políticos. Reunidos na Praça de Opera, eles dão um recado ao presidente Macron: ‘A raiva se intensifica senhor Presidente e os coletes amarelos segundo uma das representantes que demonstra seu descontentamento com as proposições avançadas pelo governo que em nada corresponde às verdadeiras reivindicações”, acrescentou.
Hoje eles exigem o RIC, ou melhor, o Referendo de Iniciativa dos Cidadãos "sobre todas as questões", isto, significa um instrumento destinado a consultar os cidadãos sobre a revogação ou aditamento de uma lei, a revogação de um representante eleito ou uma modificação da Constituição.
“Alguns ‘coletes amarelos’ acreditam que deveria se tornar a única reivindicação do movimento, o que permitiria aos militantes submeter uma segunda vez todos os pedidos de aprovação popular. Ou seja, submeter suas reivindicações ao voto popular”, acrescentou.
Seios à mostra
Nas proximidades, a poucos metros da residência oficial do presidente, alguns manifestantes do grupo Femen com os seios à mostra enfrentavam a polícia. O movimento dos ‘coletes amarelos’ começou em meados de novembro, com protestos em cruzamentos contra o aumento nos impostos sobre o combustível, mas rapidamente se tornou uma grande mobilização contra as políticas econômicas de Macron.
Fins de semana seguidos de protestos em Paris resultaram em cenas de vandalismo e confrontos com as forças de segurança. O Ministério do Interior disse que cerca de 69 mil policiais estavam ativos no sábado, com presença reforçada em cidades como Toulouse, Bourdeaux e Saint-Etienne.
Uma fonte policial disse à agência inglesa de notícias Reuters que, até as 11h (horário local), cerca de 16 mil manifestantes estavam nas ruas da França, com a exceção de Paris, segundo os cálculos das forças de segurança. Na mesma hora, em 8 de dezembro, eram 22 mil.
Calma e ordem
Em Paris, onde agrupamentos de centenas de manifestantes marchavam por diversos bairros, 85 pessoas foram presas até por volta do meio-dia, de acordo com uma autoridade policial.
Na sexta, o presidente Macron pediu calma aos franceses depois de cerca de um mês de protestos dos chamados coletes amarelos contra as políticas de seu governo.
— A França precisa de calma, ordem e volta à normalidade — disse Macron ao sair de uma reunião com líderes da União Europeia, em Bruxelas.
Em pronunciamento em rede nacional na segunda-feira, Macron anunciou aumento de salários para os trabalhadores mais pobres e redução de impostos para os pensionistas, ampliando as concenssões para conter o movimento, mas muitos manifestantes disseram que continuariam a pressionar.