Além de vestir o fardão da Academia Brasileira de Letras, onde ocupou a cadeira 11 de 1993 até sua morte, em 1997, Darcy é visto como um intérprete do Brasil, país que conhecia bem na teoria e na prática, desde o início da carreira, na segunda metade dos anos 1940, quando começou a trabalhar no Serviço de Proteção aos Índios (SPI).
Por Redação, com ABr - de Buenos Aires
Ao destacar possíveis contribuições da América Latina para uma “nova ordem mundial pacífica”, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva usou seu discurso na 7ª Cúpula da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), nesta terça-feira, para prestar homenagem ao antropólogo, educador, indigenista, gestor público e ex-senador Darcy Ribeiro (PDT).
— Não poderia terminar sem homenagear um brasileiro extraordinário, que se dedicou a repensar nossa região quando uma comunidade latino-americana e caribenha ainda era uma miragem — disse Lula.
O presidente brasileiro lembrou, ainda, que “em outubro passado, Darcy Ribeiro, homem público e um dos nossos maiores pensadores, teria completado 100 anos”.
— Tendo vivido o exílio, nos anos 60 e 70, ele foi dos primeiros a falar da nossa unidade na diversidade. Essa Pátria Grande, e a apontar a contribuição civilizatória muito particular que a nossa região tem a dar para o mundo — acrescentou.
Carreira
Além de vestir o fardão da Academia Brasileira de Letras, onde ocupou a cadeira 11 de 1993 até sua morte, em 1997, Darcy é visto como um intérprete do Brasil, país que conhecia bem na teoria e na prática, desde o início da carreira, na segunda metade dos anos 1940, quando começou a trabalhar no Serviço de Proteção aos Índios (SPI), embrião da Fundação Nacional do Índio (Funai).
No início dos anos 1960, depois de fundar a Universidade de Brasília (UnB), Darcy Ribeiro foi ministro de João Goulart, primeiro na pasta da Educação e, depois, na da Casa Civil. Após o golpe civil-militar de 1964, ele teve seus direitos cassados e se exilou no Uruguai. Retornou ao Brasil entre 1968 e 1969, período no qual foi enquadrado pela Lei de Segurança Nacional após a edição do AI-5, e acabou retornando ao exílio.
No Chile e no Peru, trabalhou diretamente com os presidentes à época — o chileno Salvador Allende e o peruano Juan Velasco Alvarado — em projetos educacionais. Depois da anistia, voltou ao Brasil em 1979, quando aprofundou seu pensamento fundamental de que o Brasil precisa se reinventar a partir de um modelo próprio, sem seguir a visão europeia ou norte-americana.
Itamaraty
Ainda nesta terça-feira, durante a visita do presidente brasileiro a Buenos Aires, o Itamaraty anunciou o nome do novo embaixador na Argentina, Júlio Bitelli, um dos principais cargos diplomáticos para a chancelaria do país. O anúncio foi feito depois de conversa entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente argentino, Alberto Fernández, que serviu para que o governo do país vizinho desse o chamado agrément, o aceite ao nome de Bitelli.
“O governo brasileiro informa, com satisfação, que o governo da República Argentina concedeu agrément ao embaixador Julio Glinternick Bitelli como embaixador plenipotenciário do Brasil naquele país”, diz nota do Itamaraty.
Atual embaixador no Marrocos, Bitelli tem uma relação próxima com o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, de quem foi chefe de gabinete durante o período em que Vieira foi chanceler no governo de Dilma Rousseff.