O encontro começou na véspera, com o encontro de coordenadores, e uma reunião de chanceleres nesta terça-feira. A cúpula propriamente dita está agendada para o dia seguinte. Esta IX Cúpula também marca o encerramento da Presidência pro tempore de Honduras e sua transferência para a Colômbia.
Por Redação – de São Paulo
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) embarcou nesta terça-feira, a partir da Base Aérea de Guarulhos (SP), com destino a Tegucigalpa, onde participará da IX Cúpula de Chefes de Estado e de Governo da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), na quarta-feira. Além das pautas prioritárias do bloco, como a integração regional, o combate às mudanças climáticas e a segurança alimentar, Lula falará aos 33 países da região sobre a guerra tarifária aberta pelos EUA.

O encontro começou na véspera, com o encontro de coordenadores, e uma reunião de chanceleres nesta terça-feira. A cúpula propriamente dita está agendada para o dia seguinte. Esta IX Cúpula também marca o encerramento da Presidência pro tempore de Honduras e sua transferência para a Colômbia.
Segundo a embaixadora Gisela Padovan, secretária de América Latina e Caribe do Ministério das Relações Exteriores (MRE), ressaltou a importância da integração regional.
— A participação do presidente é um claro sinal da prioridade que, aliás, sempre foi dada pelo presidente Lula e pelo Brasil à integração. Na nossa Constituição, consta que o Brasil deve buscar exatamente a CELAC, a construção de uma comunidade de nações latino-americanas e caribenhas — afirmou Padovan.
Pontes
Lula chega à capital hondurenha com a missão de reconstruir pontes na região e reposicionar o Brasil como liderança diplomática diante da crescente influência dos Estados Unidos sob Donald Trump. Sem citar, diretamente, o presidente norte-americano, Lula pretende apresentar uma análise do cenário geopolítico e propor uma agenda de integração regional — em resposta à fragmentação política da América Latina e às novas tensões comerciais com Washington.
Na semana passada, o petista afirmou que o Brasil “não bate continência” para nenhuma bandeira e prometeu tomar “as medidas cabíveis” contra as tarifas americanas, que afetam setores estratégicos da economia nacional.
Outro foco do governo brasileiro é a busca por maior equilíbrio ideológico na Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), diante do avanço de nomes conservadores próximos ao bolsonarismo, o que preocupa o Itamaraty.
Resistência
Apesar do esforço de Lula para posicionar o Brasil como um articulador regional, a Celac enfrenta entraves que ameaçam a unidade do bloco. O principal obstáculo é o governo argentino de Javier Milei, que tem adotado uma postura de alinhamento irrestrito aos Estados Unidos e atua, segundo diplomatas, como bloqueador sistemático de consensos dentro da Celac.
A presença ou não do presidente venezuelano Nicolás Maduro também é considerada um ponto sensível. A eventual participação de Maduro pode polarizar o encontro, mas sua exclusão poderia gerar desconfortos em outros governos aliados, limitando o campo de manobra diplomático do Brasil.
Com um cenário regional cada vez mais fragmentado e disputas ideológicas acirradas, o encontro em Honduras será mais um teste à capacidade de Lula de exercer liderança diplomática em uma América Latina marcada por interesses conflitantes e crescentes pressões externas.