Lula voltou a criticar o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, que tem “lado político e trabalha para prejudicar o país”.
Por Redação – de Brasília
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva destacou, nesta terça-feira, o progresso da economia brasileira, o compromisso fiscal e os investimentos do governo para aprimorar a infraestrutura do país e melhorar a vida da população. Em entrevista à rádio CBN, Lula lembrou seu esforço para manter o diálogo com o Congresso.
— Eu estou disposto a discutir o Orçamento com a maior seriedade com Câmara, Senado, imprensa, empresários, banqueiros, mas para que a gente faça com que o povo mais humilde, o povo trabalhador, o povo que mais necessita do Estado não seja prejudicado, como em alguns momentos da história foi — disse.
O controle dos gastos governamentais também está na pauta do presidente.
— Eu aprendi com uma mulher analfabeta, que era minha mãe. Você não pode gastar o que você não tem, só pode gastar o que ganha. Se tiver que fazer uma dívida, tem que fazer para aumentar alguma coisa na sua vida. É assim que prezo a minha consciência política. Ou seja, temos que gastar corretamente aquilo que temos. É por isso que estamos fazendo um estudo muito sério sobre o orçamento — declarou o presidente Lula.
Lado político
Na entrevista, porém, Lula voltou a criticar o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, que tem “lado político e trabalha para prejudicar o país”, comparando-o ao ex-juiz parcial e incompetente Sérgio Moro. Lula citou o jantar que o governador Tarcísio de Freitas (São Paulo) fez em homenagem ao presidente da autoridade monetária. Para o presidente, o ex-ministro de Jair Bolsonaro (PL) tem mais influência nas decisões de Campos Neto do que ele.
O chefe do Executivo voltou a criticar a taxa de juros, que começou nesta tarde a ser analisada pelo Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central (BC), a decisão sobre a taxa será tomada nesta quarta-feira. Para ele, não há motivo para a taxa Selic permanecer o atual patamar.
— O presidente do Banco Central, que não demonstra nenhuma capacidade de autonomia, que tem lado político e que, na minha opinião, trabalha muito mais para prejudicar o país do que para ajudar o país — afirmou, após declarar que a autoridade monetária está “desajustada”.
Homenagem
Lula também citou o jantar em homenagem a Campos Neto, em São Paulo, e sugeriu que ele teria pretensões político-eleitorais.
— (Tarcísio) tem mais (poder de influência) que eu. Não é que ele encontrou com Tarcísio numa festa. A festa foi para ele, foi homenagem do governo de São Paulo para ele, certamente porque o governador de São Paulo está achando maravilhoso a taxa de juros de 10,5%. A quem esse rapaz é submetido, como ele vai numa festa em São Paulo, quase assumindo candidatura um cargo no governo de São Paulo? Cadê a autonomia dele? — questionou.
A festa a que o presidente se refere ocorreu no Palácio dos Bandeirantes, na semana passada, por iniciativa de Tarcísio. O governador convidou alguns aliados, banqueiro e empresários para o jantar dedicado a Campos Neto, que levou até a família.
Conversas
Horas antes do jantar, Campos Neto foi homenageado com o Colar de Honra ao Mérito Legislativo da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), maior condecoração da Casa. A honraria foi proposta pelo deputado bolsonarista Tomé Abduch (Republicanos), vice-líder do governo Tarcísio, na Casa.
Segundo relatos de presentes, o jantar teve clima ameno e descontraído. Nas conversas, Campos Neto era elogiado pela conduta à frente do BC, criticada por Lula.
— Quando ele se auto lança a um cargo…Vamos repetir (Sérgio] Moro? Presidente do Banco Central está disposto a fazer mesmo papel que Moro fez, paladino da justiça com rabo preso com compromissos políticos? — interpelou.
Juros básicos
Ainda na entrevista, o chefe do Executivo também voltou a criticar a alta taxa de juros básico da economia. Em conversa com presidentes de bancos internacionais, Lula encontra otimismo com país e disse ficar “triste” com a Selic.
— Temos situação que não necessita essa taxa de juros. Não pode continuar com taxa de juros proibitiva de investimento no setor produtivo. (…) Que o Banco Central de comporte na perspectiva de ajudar esse país, não atrapalhar o crescimento do país — acrescentou.
Nesta manhã, no entanto, analistas financeiros apostavam em uma decisão unânime do Copom pela manutenção da taxa básica de juros, no atual patamar de 10,50% ao ano, com votos até dos indicados por Lula.