Livro de fotógrafos da Rocinha mostra o cotidiano da comunidade
Os quatro jovens, moradores da Rocinha, empunham câmeras fotográficas, muitas vezes emprestadas, e aparelhos celulares para registrar o cotidiano da comunidade. Parte dessa produção foi reunida recentemente no livro Rocinha Sob Lentes.
Os quatro jovens, moradores da Rocinha, empunham câmeras fotográficas, muitas vezes emprestadas, e aparelhos celulares para registrar o cotidiano da comunidade. Parte dessa produção foi reunida recentemente no livro Rocinha Sob Lentes.
Por Redação, com Brasil de Fato - do Rio de Janeiro
Uma das maiores favelas do Brasil, a Rocinha costuma ser retratada com foco em seus problemas e a violência local se tornou um imaginário coletivo nas páginas de jornais. Mas a comunidade pode ser vista por outros ângulos, como provam os jovens fotógrafos Allan Almeida, Diego Cardoso, Erik Dias e Marcos Costa.
Olhar a Rocinha pelas câmeras mudou relação de jovens com a comunidade, contam eles
Os quatro jovens, moradores da Rocinha, empunham câmeras fotográficas, muitas vezes emprestadas, e aparelhos celulares para registrar o cotidiano da comunidade. Parte dessa produção foi reunida recentemente no livro Rocinha Sob Lentes, produzido e editado pela Engenho Arte e Cultura, que leva o mesmo nome do coletivo criado pelos jovens.
– Já lá se vão 50 anos trabalhando como fotógrafo documentarista e, acreditem, ainda me emociono quando descubro fotógrafos populares documentando suas comunidades com aquele misto de intimidade e afeto que só quem vive ou viveu na localidade possui – diz João Roberto Ripper, um dos principais nomes da fotografia popular e que assina texto no livro.
– O livro pode ser entendido como a mais recente manifestação de um movimento nascido nos anos 2000, que vem sendo chamado de Fotografia Popular. Iniciado com a Escola de Fotógrafos Populares da Maré em 2004, esse processo transforma os moradores dos espaços populares em cronistas de seus próprios territórios – avalia Dante Gastaldoni, editor da publicação.
Primeiros cliques
Após os primeiros cliques e o contato com equipamento profissional, Marcos, de 29 anos, teve a ideia de criar com o grupo de amigos o coletivo fotográfico Rocinha Sob Lentes, que já atua há mais de 4 anos. O olhar pelas câmeras alterou a relação dos jovens com a comunidade. “Comecei a ver a Rocinha de outra maneira, de uma maneira mais crítica”, afirma Marcos.
Atualmente, todos conciliam a produção fotográfica com outras atividades profissionais. “Tem gente que acorda cedo para trabalhar no emprego formal e quando volta, já volta fotografando”, conta ele, que aproveita o horário da manhã para exercitar o olhar.
O livro “Rocinha Sob Lentes” tem edição bilíngue e tem distribuição gratuita para escolas e instituições governamentais, dentro e fora do país. As fotos do coletivo também podem ser vistas no Instagram.