Entre os detidos está Joshua Wong, tido como figura central nos protestos contra Pequim que já duram três meses. Polícia proíbe manifestação que marcaria cinco anos do Movimento dos Guarda-Chuvas.
Por Redação, com DW - de Hong Kong
Figuras centrais do movimento pró-democracia de Hong Kong foram presas numa operação policial nesta sexta-feira, sob suspeita de organizar ou participar de manifestações ilegais no território semiautônomo da China. Entre os detidos estavam Joshua Wong e Agnes Chow, considerados mentores das manifestações de massa que se intensificaram em meados de junho e geraram a maior crise política em Hong Kong, em duas décadas. Wong foi o ícone dos protestos pró-democracia de cinco anos atrás, que serviram de estopim para as turbulências atuais, e com os quais Chow também esteve envolvida. Mais tarde, Wong e Chow seriam libertados sob fiança, mas continuam sob investigação por sua participação nos protestos. Wong, entretanto, não vinha sendo figura central nas manifestações dos últimos três meses, num movimento que não possui líderes identificáveis. Os ativistas, ambos de 22 anos de idade, foram acusados de "incitação a terceiros para tomar parte em reuniões não autorizadas", cuja pena prevista é de cinco anos de prisão, entre outras acusações. Wong já fora detido em 2019 por desacato, sendo libertado em junho após cumprir sentença de cinco semanas. Um protesto de grande porte que estava sendo planejado para este sábado por organizações de direitos civis foi proibido pela polícia, alegando questões de segurança. A data marcaria os cinco anos de uma controversa rejeição por Pequim a uma proposta de sufrágio universal e eleições democráticas no território, que resultou no desencadeamento de 79 dias de protestos na cidade. As manifestações de 2014 ficaram conhecidas como Movimento dos Guarda-Chuvas e serviram de inspiração aos atuais protestos pró-democracia. Os organizadores da manifestação deste sábado cancelaram oficialmente o evento após a imposição da proibição, temendo pela segurança dos manifestantes. Andy Chan, fundador do independentista Partido Nacional de Hong Kong, foi preso no aeroporto da cidade acusado de participação em tumultos e de atacar a polícia durante um protesto em 13 de julho. Seu partido foi banido em 2018 por supostamente representar ameaça em nível nacional. Esta foi a primeira proibição desse tipo desde que os britânicos devolveram Hong Kong ao domínio chinês, em 1997.