Outras sondagens revelam certo equilíbrio entre aqueles que avaliam positiva e negativamente a gestão Lula. Líder do governo na Câmara, o deputado José Guimarães (PT-CE) vê culpa do próprio time lulista pela situação.
Por Redação, com CartaCapital - de Brasília
O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), está há 11 meses em seu terceiro mandato, mas existe algo que não mudou desde a vitória nas urnas: a divisão política do país. Em setembro, 47% dos brasileiros votariam em Jair Bolsonaro contra o presidente, que teria 53% dos votos válidos, segundo uma pesquisa Genial/Quaest divulgada neste domingo.
Outras sondagens revelam certo equilíbrio entre aqueles que avaliam positiva e negativamente a gestão Lula. Líder do governo na Câmara, o deputado José Guimarães (PT-CE) vê culpa do próprio time lulista pela situação.
— Não basta ser um bom ministro, se não fizer disputa política e ideológica. Para diminuir a polarização, nós temos que ganhar a sociedade — afirmou Guimarães à revista CartaCapital.
O único que tem feito a disputa adequadamente, na visão de Guimarães, está de saída para o Supremo Tribunal Federal (STF): Flávio Dino, da pasta da Justiça. Mas há algo que mudou, sim, ao longo do ano. A relação do governo com a Câmara dos Deputados era complicada e agora ficou mais fácil, enquanto no Senado ocorreu o oposto.
Dor de cabeça
A atitude arisca dos deputados materializava-se na figura do comandante da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), sempre disposto a usar votações de interesse do governo para barganhar. Nos últimos tempos, Lira tem sido mais colaborativo, especialmente quanto na mesa estão medidas econômicas.
— Nós divergimos, mas nos respeitamos. Ninguém vai me ver falando (mal) de parlamentar — acrescentou Guimarães.
A maior prova de que a dor de cabeça de Lula passou a ser o Senado é a recente aprovação por lá de uma mudança na Constituição que diminui o poder individual dos juízes do STF. Aprovada, aliás, com o voto do equivalente de Guimarães no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), líder do governo na Casa.
— No Senado, a maioria votou por ressentimento, para atacar uma instituição que foi decisiva para interditar o golpe do dia 8 (de Janeiro). Na Câmara, a proposta não andará tão cedo — comentou Guimarães.
Promessas
Olhados em seu conjuntos, os atuais deputados e senadores são conservadores, em sua maioria, o que dificulta as coisas para Lula. Dificuldades ampliadas pelo fato de o Congresso de hoje ter muito mais poderes do que aquele encontrado pelo petista quando de sua chegada à Presidência pela primeira vez, em 2003.
Daí que Guimarães considera uma façanha o governo ter conseguido aprovar neste primeiro ano medidas econômicas e sociais em linha com promessas de campanha.
— Não tiramos uma vírgula do nosso programa de reconstrução do Brasil — concluiu.