Rio de Janeiro, 21 de Novembro de 2024

Justiça do Rio dá cinco dias ao Flamengo para evitar interdição e bloqueio

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Sexta, 22 de Fevereiro de 2019 às 07:59, por: CdB

O Ministério Público e a Defensoria pediram a interdição até que as instalações estejam completamente seguras e regularizadas junto ao Corpo de Bombeiros e prefeitura do Rio.

Por Redação, com ABr - do Rio de Janeiro

A Justiça do Rio de Janeiro garantiu ao Clube de Regatas do Flamengo um prazo de cinco dias para se defender e impedir a interdição total do Centro de Treinamento do Ninho do Urubu e o arresto de R$ 57,55 milhões.
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Justiça concedeu ao Flamengo 5 dias para se defender e impedir a interdição total do Ninho do Urubu
Os pedidos de interdição e de bloqueio dos bens foram feitos pelo Ministério Público Estadual e pela Defensoria Pública do Estado, no último dia 20. Um incêndio atingiu um dos alojamentos do centro de treinamento, no último dia 8, matando dez atletas de base do clube e ferindo outros três. O Ministério Público e a Defensoria pediram a interdição até que as instalações estejam completamente seguras e regularizadas junto ao Corpo de Bombeiros e prefeitura do Rio. Já o arresto foi solicitado para que seja viabilizada a indenização dos familiares das vítimas, pedida pela Defensoria. O juiz Bruno Monteiro Rulière atendeu a um pedido do Flamengo para que o clube tenha o prazo para se defender.

Famílias recusam proposta do Flamengo

Terminou sem acordo a sessão de mediação realizada na quinta-feira, no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, entre o Flamengo e os parentes das vítimas do incêndio no Ninho do Urubu. Os parentes dos jogadores saíram da reunião revoltados com a proposta feita pelo clube. Sem precisar números, tanto parentes quanto advogados disseram que a proposta foi pouco superior aos R$ 400 mil e um salário mínimo mensal oferecidos pelo clube na última reunião. – O Flamengo passou para toda a imprensa que estava dando todo apoio aos pais. Eu até hoje não recebi um telefonema do Flamengo. Faltaram com o respeito. Dinheiro nenhum paga a vida do meu filho. Nós não viemos aqui atrás disso. Nós viemos atrás de respeito, coisa que eles não tiveram com os nossos filhos – disse Uedison Cândido, pai do jogador Pablo. A mãe do jogador Arthur, Marília de Barros, desabafou com os jornalistas e mostrou a tatuagem que fez no braço esquerdo com a figura do filho. "Foi uma covardia. Eu me sinto abandonada pelo Flamengo. A decepção foi muito grande. Os nossos filhos morreram juntos. Então, devemos lutar juntos. O que fizeram com a gente não tem preço, não vão trazer os nossos filhos de volta, mas só que a gente queria a nossa dignidade." O pai do goleiro Christian Esmério também saiu da reunião frustrado e revoltado. "A atitude do Flamengo foi uma falta de respeito com os pais. Eles não estão dando apoio, estão brincando com a vida de nossos filhos. É uma tortura o que o Flamengo está fazendo conosco, por não definir nada. Viemos aqui de bobos, palhaços. Não nos sentimos acolhidos por ninguém. Eles não têm resposta para nós. Os nossos filhos não têm preço", disse Cristiano Esmério. Ele classificou de "surreal" o valor de R$ 400 mil oferecido inicialmente pelo clube às famílias. O goleiro Christian chegou a ser convocado para a seleção brasileira de futebol das categorias de base. A defensora pública Cíntia Guedes disse que não foi possível haver acordo e que o presidente do Flamengo, Rodolfo Landim, chegou a ser consultado, por telefone, mas não aprovou a proposta das famílias. “Pedimos que os advogados [do Flamengo] levassem a questão para o presidente. Eles saíram, conversaram com o presidente, mas não foi possível nenhum acordo. As famílias decidiram, então, encerrar o processo de negociação." De acordo com a defensora pública, isso não impede que cada um venha, individualmente, a propor uma ação. "Neste momento, a negociação foi encerrada. Não há mais mediação. É claro que há chance de começar uma nova negociação. A negociação, neste momento, não existe”, enfatizou Cíntia. Segundo a defensora, o Flamengo ofereceu menos da metade do que queriam as famílias. Os representantes do Flamengo, incluindo o vice-presidente jurídico, Rodrigo Dunshee de Abranches, deixaram o nono andar do Tribunal de Justiça sem se pronunciar. Dunshee de Abrantes também abandonou a entrevista coletiva após a primeira reunião da força-tarefa criada para negociar as indenizações às famílias dos jogadores. Procurado, o clube ainda não se manifestou. No incêndio, ocorrido no dia 8 deste mês em um dos alojamentos do Centro de Treinamento George Helal, popularmente conhecido como Ninho do Urubu, morreram 10 jogadores da categoria de base do Flamengo. Três sobreviveram.
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