Os EUA acusam o fundador do WikiLeaks de violar 18 itens da Lei de Espionagem; apoiadores de Assange apontam perseguição política no caso. Assange é acusado pelo país norte-americano de espionagem pelo vazamento maciço de documentos confidenciais.
Por Redação, com CartaCapital - de Londres
A Justiça da Grã-Bretanha adiou a divulgação o resultado do julgamento de um recurso apresentado por Julian Assange, fundador do WikiLeaks, contra sua extradição para os Estados Unidos, agendado para esta terça-feira.
Antes de gravar a extradição do jornalista, a Justiça do Reino Unido quer o governo dos EUA apresente garantias sobre o tratamento que seria reservado ao ativista quando chegasse ao país.
Os juízes apresentaram prazo de três semanas às autoridades americanas para garantirem que Assange poderia ser beneficiado pela Primeira Emenda da Constituição, que protege a liberdade de expressão, e que não seria condenado à pena de morte, segundo o resumo da decisão.
Assange é acusado pelo país norte-americano de espionagem pelo vazamento maciço de documentos confidenciais.
Em 2010, ele tornou público mais de 700 mil documentos sigilosos sobre atividades militares e diplomáticas americanas, sobretudo nas atuações no Iraque e no Afeganistão, promovidas após os ataques do 11 de Setembro.
Nos EUA, Assange enfrenta 18 acusações sob a Lei de Espionagem e poderá ter de cumprir 175 anos de prisão.
Documentos sigilosos do governo
O governo norte-americano entendeu que Assange foi além de sua atuação como jornalista ao publicar, indiscriminadamente, documentos sigilosos do governo.
O vazamento, alega o Ministério Público dos EUA, teria prejudicado os serviços de segurança e inteligência, podendo ter colocado o país em “risco grave e iminente”.
Apoiadores o jornalista, por outro lado, afirmam que o trabalho de Assange expôs as irregularidades militares dos EUA no Iraque e no Afeganistão. Eles ainda ressaltam que o australiano não terá um julgamento justo nos EUA por sofrer perseguição política.
A defesa do jornalista acusa as autoridades norte-americanas de perseguição apenas pela “exposição da criminalidade por parte do governo dos EUA numa escala sem precedentes”, incluindo torturas e assassinatos.
O Supremo Tribunal de Justiça britânico deve decidir se o australiano tem direito a recorrer de sua extradição, aceita pelo governo da Inglaterra em junho de 2022.
Caso não seja reconhecido o recurso contra a extradição impetrado por Assange, o caso poderá ser encaminhado ao Tribunal Europeu dos Direitos Humanos, em uma última tentativa de evitar a extradição.