Marina Ovsyannikova, atualmente no exílio, foi sentenciada a oito anos e meio de prisão. Em março, ficou conhecida por portar um cartaz contra a guerra na Ucrânia numa transmissão ao vivo.
Por Redação, com DW - de Moscou
Um tribunal de Moscou condenou à revelia nesta quarta-feira a jornalista da TV estatal russa Marina Ovsyannikova a oito anos e meio de prisão. Ela ocupou as manchetes internacionais em março de 2022, quando interrompeu um programa ao vivo para denunciar a invasão da Ucrânia.
A jornalista de 45 anos foi acusada de divulgar informações falsas sobre o Exército russo. O crime está previsto numa lei adotada logo após o início da guerra, que o Kremlin insiste em chamar de "operação militar especial".
Jornalista sentenciada por realizar protesto em Moscou
A condenação se refere a um protesto realizado pela jornalista em julho de 2022, quando ela portou cartazes na capital russa afirmando que o presidente russo, Vladimir Putin, "é um assassino, seus soldados são fascistas, 352 crianças foram mortas [na Ucrânia]".
Ovsyannikova foi detida e colocada em prisão domiciliar, mas conseguiu fugir para a França com a filha de 11 anos. Inserida numa lista de procurados, ela foi então processada julgada à revelia.
De acordo como a decisão do tribunal, Ovsyannikova deve cumprir sentença "numa colônia penal de regime geral". A jornalista também ficou proibida de "participar em atividades relacionadas com a administração de portais de internet ou redes de informação e de telecomunicações".
Acusações "absurdas e politicamente motivadas"
Numa declaração publicada na terça-feira, Ovsyannikova chamou as acusações contra ela de "absurdas e politicamente motivadas": "Eles decidiram me punir por não ter medo e por chamar as coisas pelo nome. É claro que não admito minha culpa. E não nego nenhuma de minhas palavras. Fiz uma escolha muito difícil, mas a única escolha moral correta em minha vida, e já paguei um preço alto o suficiente por isso."
O advogado de Ovsyannikova, Dmitry Zakhvatov, disse à agência francesa de notícias AFP que levar o julgamento adiante "não tinha sentido", mas que sua cliente ainda apelaria da sentença: "Não há nenhuma chance de sucesso. Até onde sabemos, não há absolvições na Rússia, especialmente quando o caso envolve política."
Em 14 de março, Ovsyannikova já havia provocado o Kremlin ao interromper uma transmissão ao vivo do Canal 1 de Moscou. Na ocasião, apareceu atrás da âncora do noticiário segurando um cartaz que dizia: "Parem a guerra, não acreditem na propaganda, eles estão mentindo para vocês aqui".
Ovsyannikova deixou seu emprego no canal e foi multada em 30 mil rublos (US$ 270 na época) por organizar um ato público sem autorização.