Destruição e mortes não podem ser comemoradas, não importa o país. Mas existe algo no ar além dos aviões russos Sukhoi Su-25, como o cerco da Rússia por bases militares da Organização do Tratado Atlântico Norte (Otan).
Por Rogério Marques - do Rio de Janeiro
A mídia brasileira, a das grandes corporações, não se emenda em seu eterno facciosismo. Dessa vez é a guerra na Ucrânia. Não existem, quase nunca, textos e análises que informem, que mostrem opiniões divergentes, que permitam ao leitor tirar suas próprias conclusões. Não. Nesta guerra, a mídia corporativa é contra a Rússia de Vladimir Putin desde o tempo das linotipos.
Alguém poderá dizer: mas quem atacou a Ucrânia foi a Rússia, como não ser contra a Rússia?
Destruição e mortes não podem ser comemoradas, não importa o país. Mas existe algo no ar além dos aviões russos Sukhoi Su-25, como o cerco da Rússia por bases militares da Organização do Tratado Atlântico Norte (Otan). Um cerco que avança há muitos anos, entre tentativas de acordo descumpridas pelos Estados Unidos e os outros países da Organização.
Guerra de rapina
Para mais informações recomendo muito o documentário ‘Ucrânia em chamas’, de Oliver Stone, feito em 2016 mas atualíssimo. O acesso ao filme está disponível adiante. O filme aborda episódios recentes na mesma Ucrânia, com a mesma desinformação midiática que já vimos em outras guerras e em muitos golpes promovidos pelos EUA e por sua famosa agência especializada no assunto.
Importante também, neste momento, lembrar a cobertura vergonhosa, por essa mesma mídia, de uma outra guerra em 2003. Uma típica guerra de rapina, movida por interesses econômicos e geopolíticos: a invasão e destruição do Iraque pela coalizão de países liderada pelos Estados Unidos os mesmos países que agora posam de democratas.
Naquele caso a mídia torcia pelos invasores.
Mídia corporativa
O pretexto para a invasão foram armas de destruição em massa em poder do Iraque. Hoje sabe-se que aquilo era uma mentira e que essas armas nunca existiram. O saldo da guerra foi um país arrasado, que jamais se recuperou, e ao menos 200 mil mortos, entre combatentes e civis. Estes foram dezenas de milhares — mulheres, homens, crianças, idosos.
Ao contrário da guerra da Ucrânia, a mídia corporativa ignorou o massacre e se portou como torcida organizada a favor dos invasores. Transmitia ao público a ideia de que os países ocidentais iriam libertar o Iraque, levar civilização aos bárbaros. Repulsivo!
Rogério Marques é fotógrafo e jornalista.