Segundo a autoridade monetária, esse procedimento é usual na experiência internacional de bancos centrais e “permitirá aprofundar o foco na análise econômica das projeções, tornando o documento mais simples e efetivo”. Ainda que essa passe a ser a diretriz geral, o BC não excluiu a possibilidade de publicar cenários alternativos, considerando outras hipóteses para o câmbio e variáveis relevantes.
Por Redação, com Reuters e ACSs - de Brasília
O Banco Central (BC) adiantou, nesta quinta-feira que, a partir do seu Relatório Trimestral de Inflação de dezembro, publicará sistematicamente apenas um cenário para a inflação, utilizando a taxa Selic da pesquisa Focus e taxa de câmbio seguindo trajetória de acordo com a teoria da paridade do poder de compra.
“Esse será o único cenário a ser publicado de forma sistemática pelo BCB”, disse a autarquia, acrescentando que a iniciativa ocorre em meio a seu esforço para aumentar a efetividade de comunicação com a sociedade, tornando-a mais clara e relevante.
“A publicação, como regra, de apenas um cenário central de projeções de inflação evita sobrecarregar os documentos de divulgação do Copom com comparação mecânica de cenários”, acrescentou o BC.
Projeções
Segundo a autoridade monetária, esse procedimento é usual na experiência internacional de bancos centrais e “permitirá aprofundar o foco na análise econômica das projeções, tornando o documento mais simples e efetivo”.
Ainda que essa passe a ser a diretriz geral, o BC não excluiu a possibilidade de publicar cenários alternativos, considerando outras hipóteses para o câmbio e variáveis relevantes.
No relatório desta quinta-feira, o BC publicou suas projeções centrais para o IPCA em quatro cenários diferentes: com Selic e câmbio constantes; Selic e câmbio Focus; Selic Focus e câmbio constante e Selic constante e câmbio Focus.
Câmbio
Em uma anotação em separado sobre a paridade do poder de compra no relatório, o BC afirmou que embora a trajetória de taxa de câmbio constante tenha como qualidade a simplicidade e a consonância com evidências que apontam para as dificuldades em se prever essa variável, ela não considera os potenciais efeitos do diferencial entre as inflações doméstica e externa sobre o câmbio — algo contemplado na teoria da paridade do poder de compra (PPC).
“Dado que a inflação no Brasil tende a ser superior à externa, a adoção de hipótese de trajetória de câmbio de acordo com a PPC evitaria a utilização de trajetória de apreciação real do câmbio, apreciação essa que eventualmente levaria a uma subestimação das projeções de inflação”, disse o BC.
“O Copom decidiu que passará a utilizar cenário em que a taxa de câmbio evolui segundo a PPC, em substituição aos cenários de trajetória de câmbio constante”, acrescentou. O diferencial de inflação considerado será a diferença, a cada ano, entre a meta para a inflação no Brasil e a inflação externa de longo prazo, considerada como de 2% ao ano, descrita pelo BC como em linha com a meta para a inflação da maioria dos países desenvolvidos.