Apesar da forte aceleração, o dado divulgado nesta terça-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) ficou abaixo da expectativa em pesquisa da agência inglesa de notícias Reuters, de avanço de 1,33%.
Por Redação, com Reuters – do Rio de Janeiro
A inflação voltou a acelerar em fevereiro, com o IPCA-15 atingindo a maior alta em quase três anos, pressionado pela energia elétrica e pelos efeitos sazonais da volta às aulas, levando a taxa em 12 meses a quase 5%. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15) subiu 1,23% em fevereiro, maior taxa desde abril de 2022 (+1,73%) e a maior alta para um mês de fevereiro desde 2016 (+1,42%). Em janeiro, mostrara aumento de 0,11%.

Apesar da forte aceleração, o dado divulgado nesta terça-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) ficou abaixo da expectativa em pesquisa da agência inglesa de notícias Reuters, de avanço de 1,33%. Com o resultado, a alta acumulada em 12 meses até fevereiro acelerou a 4,96%, de 4,50% no mês anterior e expectativa de 5,08%. Nessa base de comparação, foi a maior taxa desde outubro de 2023 (+5,05%).
A meta oficial para a inflação é de 3,0%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou menos.
Habitação
As maiores pressões no IPCA-15 de fevereiro foram exercidas pelos grupos Habitação e Educação, com aumentos respectivos de 4,34% e 4,78%. A maior influência para a alta de Habitação veio da energia elétrica residencial, que avançou 16,33% em fevereiro e devolveu a queda de 15,46% em janeiro, quando se beneficiou do bônus de Itaipu — composto pelo saldo positivo registrado na conta de comercialização da energia da usina hidrelétrica binacional.
Analistas projetavam alta de 1,36% para o índice deste mês, segundo a mediana de pesquisa realizada também pela agência norte-americana de notícias Bloomberg. O intervalo das previsões ia de 1,2% a 1,5%.
Com os dados de fevereiro, o IPCA-15 passou a acumular alta de 4,96% em 12 meses. Assim, ficou acima do teto da meta de inflação de 4,5% para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 2025. Nesse recorte, a variação era de 4,5% até janeiro.
Impacto
Na ocasião, o IPCA-15 havia apresentado alívio com o desconto temporário nas contas de luz em razão do bônus de Itaipu, que só entrou em vigor no início do ano após atraso no processo. A taxa de 0,11% foi a menor para meses de janeiro desde o início do Plano Real.
Com a reversão do bônus, o aumento do ICMS sobre combustíveis e os reajustes sazonais das mensalidades escolares, os economistas passaram a projetar a aceleração do IPCA-15 em fevereiro. Segundo o IBGE, a energia elétrica residencial teve alta de 16,33% neste mês, após queda de 15,46% em janeiro. Com o novo resultado, exerceu a maior pressão individual sobre o IPCA-15 (0,54 ponto percentual).
Na sequência, veio o impacto do reajuste de 7,5% nas mensalidades do ensino fundamental (0,12 ponto percentual). A gasolina, por sua vez, subiu 1,71%, gerando a terceira maior pressão sobre o índice (0,09 ponto percentual).
A inflação é motivo de preocupação para analistas que ainda enxergam pressões em itens como os serviços. Outro vetor de pressão nos últimos meses veio dos alimentos, cujos preços subiram em meio a problemas climáticos e valorização do dólar.
A carestia da comida traz dor de cabeça para o governo Lula (PT). A situação é apontada como uma das razões para a perda de popularidade do presidente.