Nomes ligados à economia doméstica, como Cogna, C&A e Cury, que se beneficiam do corte da Selic que o mercado projeta para janeiro.
Por Redação – de São Paulo
A tendência de alta que levou a bolsa a inéditos 159 mil pontos no pregão desta sexta-feira tem espaço para persistir diante do cenário externo favorável, com maior busca por ativos de risco realimentada pela perspectiva recente de um corte do Fed, e em função da expectativa de corte de juros no Brasil no início do próximo ano. Em 2026, essa onda favorável será testada de maneira mais evidente a partir de abril, data-chave para os movimentos da eleição presidencial.

Os retornos comprimidos nos últimos anos da bolsa brasileira em meio a juros altos deram em 2025 um sinal de alívio. O Ibovespa salta mais de 30% no ano — a caminho do maior avanço em seis anos — e volta a superar o CDI após ter perdido para a renda fixa no ano passado.
Nomes ligados à economia doméstica, como Cogna, C&A e Cury, que se beneficiam do corte da Selic que o mercado projeta para janeiro, estão entre os maiores ganhos do Ibovespa, com avanços acima de 100% no acumulado do ano.
Incertezas
Analistas apontam, no entanto, que o movimento positivo no ano está alinhado a um cenário global de dólar mais fraco e rotação de fluxos de investimentos para fora dos EUA, onde as políticas de Donald Trump trouxeram incertezas, mas que favoreceram os emergentes, sobretudo no início do ano.
— As bolsas globais continuam reagindo a um ambiente de crescimento robusto e à tendência de enfraquecimento do dólar, fatores que têm favorecido tanto os mercados acionários quanto as moedas de países emergentes, incluindo o Brasil. Até o final do primeiro trimestre de 2026, projetamos um cenário semelhante aos dos últimos três meses, com viés positivo para os emergentes e participação do Brasil neste movimento — disse Luciano Telo, diretor de investimentos da gestora de fortunas UBS Wealth Management.
Câmbio
O mês de dezembro, que tradicionalmente concentra um maior volume de saída de recursos do país, deve registrar um fluxo de remessas de lucros e dividendos de até US$ 10 bilhões, segundo analistas, o que tende a manter o câmbio pressionado e reabrir espaço para atuações pontuais do Banco Central (BC).
A sazonalidade das remessas típicas deste período deve ser amplificada pela nova tributação de dividendos e pela proximidade das eleições de 2026, fatores que podem levar empresas e investidores a antecipar envios ao exterior para fugir da cobrança e diante do risco de volatilidade à frente.
As estimativas variam de US$ 4,9 bilhões a US$ 10 bilhões, com mediana de US$ 7,05 bilhões, segundo seis especialistas de bancos e consultorias ouvidos pela agência norte-americana de notícias Bloomberg. No último mês de 2024, a saída via remessas somou US$ 8,4 bilhões, segundo o BC.