Pesquisa aponta que houve uma queda de 58% no número de consultas de CPFs feitas pelos lojistas, indicando a forte retração de vendas que já ocorre no país. E as prestações dos crediários estão cada vez mais atrasadas, desde o início da pandemia do novo coronavírus.
Por Redação, com ACS - do Rio de Janeiro
Os impactos da menor circulação de pessoas em alguns Estados brasileiros, devido aos efeitos da pandemia Covid-19, já começam a ser refletidos no varejo nacional. Levantamento junto a mais de mil lojas parceiras do sistema de análise de crédito e cobrança que atende diversos segmentos varejistas Meu Crediário. A instituição revela que a inadimplência dos clientes aumentou em 25% no mês de março (até 23/03) em comparação ao mesmo período de 2019.
De acordo com Jeison Schneider, cofundador do Meu Crediário, a tendência é que até o final do mês a inadimplência cresça ainda mais, haja visto que inúmeras lojas estão proibidas de abrirem as portas pelas autoridades públicas em diversos estados do país.
— Infelizmente, a situação tende a ficar bem complicada nos próximos meses. Os lojistas com o caixa mais elevado conseguem até superar as perdas por dois ou três meses, mas para quem já está com dificuldade a dica é renegociar pagamentos com fornecedores e buscar empréstimos com taxas adequadas — afirma. Schneider esclarece ainda que para tentar receber o pagamento de parte da carteira, algumas lojas já começam a enviar SMS aos clientes, informando que a parcela deste mês pode ser liquidada por meio de boleto bancário, após a emissão no site.
— Sem dúvida, essa estratégia pode ajudar algumas redes varejistas — disse.
Já as marcas que não conseguirem executar esse plano, o empreendedor sugere que abram mão do valor de juros de multa e mora para clientes em atraso quando a rotina dos brasileiros voltar a normalidade, uma vez que a fidelização é mais importante no contexto atual.
— Após o isolamento social vale prestigiar o consumidor com esse benefício, até para incentivar novas compras e na medida do possível auxiliar a retomada da economia — acrescentou.
Desaceleração
Outro impacto aferido pela empresa envolve a queda de 58% no número de consultas de CPFs na semana passada (16 a 21 de março) em relação a anterior (09 a 14 de março). Segundo o empreendedor, esse é um indicador forte da desaceleração das lojas físicas do varejo nacional.
— Mesmo nos Estados que ainda mantém as lojas abertas, já se vê que os consumidores estão evitando aglomerações e alguns cortam a intenção de compra até mesmo pelo receio de não conseguir honrar os compromissos financeiros no futuro — avalia.
Diante desse cenário de paralisia, o cofundador do Meu Crediário acredita que é o momento dos lojistas refazerem o planejamento orçamentário do ano, considerando a desaceleração nas vendas e nos recebíveis.
— A inadimplência deve retornar aos níveis pré coronavírus somente em 2021. Isso acontece porque muitos clientes ficarão endividados, outros terão redução de salário e alguns tendem a perder seus empregos. O lojista agora precisa acionar as lições de crises passadas, principalmente de 2008/2009 e 2015/2016. Ou seja, é gerar caixa para ao menos manter o negócio no mercado — conclui.