Rio de Janeiro, 21 de Novembro de 2024

Imprensa européia fala em massacre pelos russos em Bucha

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Terça, 05 de Abril de 2022 às 10:56, por: CdB

A visão da imprensa européia é a de que houve massacre da população civil em Bucha, pelos soldados russos que invadiram a Ucrânia há mais de um mês. O Direto da Redação publica trechos divulgados pela RFI , BBC , enquanto a Swissinfo pede investigações sobre o massacrre. Como parte das reações à invasão da Ucrânia pela Rússia, a União Européia proibiu o noticiário da Sputnik nos seus países. O governo suíço não proibiu a agência noticiosa Sputnik, embora tenha havido muito debate sobre a veracidade de suas informações.

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Russos são considerados os autores do massacre em Bucha pela imprensa européia
RFI - Todas as pessoas que estavam nas ruas foram mortas: imagens do massacre de Bucha chocam o mundo

Fotos e vídeos feitos por equipes internacionais de jornalistas em Bucha, na periferia de Kiev, comoveram o mundo inteiro no fim de semana. Depoimentos de moradores do local detalham as atrocidades cometidas pelas tropas russas durante pouco mais de um mês de ocupação. Vários líderes ocidentais e a ONU pedem que a Rússia seja julgada por crimes de guerra, mas Moscou nega qualquer responsabilidade no massacre.

Mais de 400 corpos de civis foram recolhidos das ruas de Bucha nos últimos dias, tomada pelas forças russas em 27 de fevereiro. A cidade foi palco dos piores combates desde que a Ucrânia foi invadida pela Rússia, em 24 de fevereiro. Com a retirada recente dos soldados russos do local, os bombardeios cessaram e cenas macabras foram descobertas, como cidadãos mortos com as mãos amarradas nas costas, cadáveres de motoristas esmagados por tanques dentro de seus carros e dezenas de corpos atiradas em valas comuns. Ao menos 22 civis apresentam sinais de execução sumárias, com balas na cabeça. Alguns moradores ajudam a recolher os cadáveres pelas ruas e não escondem o horror ao reconhecer familiares e amigos entre as vítimas. Anatoliy Fedoruk, prefeito desta cidade que tinha 36 mil habitantes antes da guerra, aponta Moscou como o responsável pelo massacre. Equipes de jornalistas puderam fazer imagens no local e conversaram com os sobreviventes. "Tenho medo que eles voltem", diz uma moradora de Bucha, sob anonimato, à reportagem da TV francesa France 2. "Todas as pessoas que estavam nas ruas foram mortas. Estávamos aterrorizados para sair, porque se os russos nos viam, atiravam na gente", diz. Entre os mortos, pessoas de bicicleta, várias delas, idosas. "Eles paravam as pessoas sem nenhuma razão e as assassinavam", afirma um outro morador, que afirma ter visto vizinhos serem perseguidos e serem alvo de foguetes Líderes evocam crimes de guerra O secretário-geral da ONU, António Guterres, se disse "profundamente chocado" com as atrocidades cometidas em Bucha. Segundo ele, uma investigação internacional deve apontar os responsáveis pelo massacre. Vários líderes ocidentais classificam a descoberta como "crime de guerra". O presidente francês, Emmanuel Macron, pediu que a justiça internacional seja acionada. "O que aconteceu em Bucha exige um novo rol de sanções e medidas claras", disse, em entrevista à rádio France Inter. O vice-chanceler e ministro da Economia da Alemanha, Robert Habeck, denunciou, no domingo (3), um "terrível crime de guerra" em Bucha e também pediu novas sanções econômicas por parte dos países da União Europeia (UE) contra a Rússia. O primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, evocou um possível "genocídio" na cidade. Ele denunciou uma "agressão injustificada" da parte do presidente russo, Vladimir Putin, "que trouxe a guerra para as portas da União Europeia". O primeiro-ministro polonês, Mateusz Morawiecki, fez um apelo em prol da criação de uma comissão de investigação internacional. "Esses massacres sangrentos cometidos pelos russos, por soldados russos, merecem ter classificados pelo que são. É um genocídio e precisa ser julgado", declarou. O Reino Unido também alertou que não permitirá que "a Rússia esconda o seu envolvimento nessas atrocidades por meio de desinformação cínica". Em um comunicado, o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, afirmou que as imagens de Bucha "são uma prova a mais que Putin e seu exército cometem crimes de guerra na Ucrânia". O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, classificou os autores das mortes como "assassinos, torturadores, estupradores e ladrões". "O mal absoluto invadiu nossas terras", afirmou, pedindo que "todos os dirigentes da Federação Russa vejam como suas ordens são executadas". BBC - Corpos de civis são encontrados em cidade próxima de Kiev - Ucrânia acusa Rússia de massacre Um cenário de devastação, com corpos pelo chão. É essa a imagem que tropas ucranianas dizem ter encontrado ao chegar à cidade de Bucha, próxima a Kiev, a capital da Ucrânia Tropas russas se retiraram de Bucha após serem atacadas por forças ucranianas. Mas antes de sair da cidade, teriam causado mortes de civis. Os corpos de pelo menos 20 homens estavam espalhados pelas ruas quando as forças ucranianas retomaram o controle de Bucha, após a saída dos russos. Alguns desses homens mortos estavam com as mãos amarradas. O prefeito da cidade disse que 280 pessoas foram enterradas em valas comuns. "Ainda estamos reunindo e procurando corpos, mas o número já passou das centenas. Há cadáveres nas ruas. Eles mataram civis enquanto estavam lá e quando estavam deixando essas aldeias e cidades", disse o ministro de Relações Exteriores da Ucrânia, Dmytro Kuleba. Diante de relatos como esse, a secretária de Relações Exteriores do Reino Unido, Liz Truss, cobrou que "os ataques indiscriminados" das forças russas a civis sejam investigados como crimes de guerra no Tribunal Penal Internacional, em Haia. O governo ucraniano também fala em massacre e crime de guerra. "Não vamos permitir que a Rússia mascare seu envolvimento nessas atrocidades por meio de desinformação cínica e vamos garantir que a realidade sobre as ações da Rússia seja evidenciada", disse. Além da morte de civis, há relatos de que tropas russas teriam estuprado mulheres ucranianas. A embaixadora do Reino Unido na Ucrânia, Melinda Simmons, disse que ainda não se sabe a extensão do uso do estupro no conflito, mas afirmou "está claro que foi parte do arsenal". "Mulheres estupradas na frente de seus filhos, meninas (estupradas) na frente das suas famílias, como ato deliberado de subjugação. Estupro é um crime de guerra", acrescentou. Swissinfo - A Suíça exige investigação urgente sobre supostas atrocidades cometidas na Ucrânia. As denúncias de supostas violações do direito humanitário internacional na Ucrânia devem ser investigadas urgentemente, dizem as autoridades suíças. A Ucrânia acusou a Rússia de cometer crimes de guerra na cidade de Bucha, perto de Kyiv. Moscou nega as acusações. Nos últimos dias, como as forças ucranianas reentraram em áreas próximas à capital Kyiv depois que os russos recuaram, surgiram relatos de centenas de corpos e valas comuns na cidade de Bucha, a noroeste da capital ucraniana. "Relatórios de Bucha levantam temores de graves violações do direito humanitário internacional", declarou o Ministério das Relações Exteriores suíço no Twitter na noite de domingo. O ministério pediu uma urgente investigação internacional independente sobre os eventos, bem como sobre outras alegações de graves violações do direito humanitário internacional. "A Suíça apóia investigações do Tribunal Penal Internacional e de outras instituições sobre violações na Ucrânia", acrescentou. Sinais de tortura As autoridades ucranianas dizem que os corpos de pelo menos 410 civis foram encontrados em áreas fora da capital após a retirada das tropas russas na semana passada - muitos com mãos atadas, ferimentos de bala de curta distância e mostrando sinais de tortura. O vice-prefeito de Bucha, Taras Shapravskyi, disse que 50 dos cerca de 300 corpos encontrados na pequena cidade após a retirada das forças russas no final da semana passada foram vítimas de assassinatos extrajudiciais executados pelas tropas russas. O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelenskyy, chamou as mortes de prova de genocídio. O Ministério da Defesa da Rússia rejeitou a acusação. Dizia que fotos e vídeos de cadáveres "foram montados pelo regime de Kyiv para a mídia ocidental". Um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores russo disse que as filmagens de civis mortos em Bucha haviam sido "ordenadas" pelos EUA como parte de uma conspiração para culpar a Rússia. A Rússia enviou dezenas de milhares de soldados para a Ucrânia em 24 de fevereiro no que chamou de "operação especial" para enfraquecer as capacidades militares de seu vizinho do sul e expulsar pessoas que chamou de perigosos nacionalistas. As forças ucranianas montaram uma forte resistência e o Ocidente impôs sanções severas à Rússia, num esforço para forçá-la a retirar suas tropas. Após cinco semanas de luta, a Rússia retirou do norte forças que haviam ameaçado Kyiv de se reagrupar para batalhas no leste da Ucrânia. Direto da Redação é um fórum de debates publicado no Correio do Brasil pelo jornalista Rui Martins.  

 
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