A mostra baseia-se em materiais que integram o acervo do Mupa e foi elaborada por um grupo de cinco pesquisadores, entre professores, curadores, acadêmicos e artistas, que debruçaram-se sobre o material desde o início de 2022.
Por Redação, com Brasil de Fato - de Brasília
Está aberta ao público, no Museu Paranaense (Mupa), a mostra de longa duração "Ante ecos e ocos", que apresenta a cultura afro-brasileira por meio de um recorte local, abrangendo as heranças africanas no Paraná.
A mostra baseia-se em materiais que integram o acervo do Mupa e foi elaborada por um grupo de cinco pesquisadores, entre professores, curadores, acadêmicos e artistas, que debruçaram-se sobre o material desde o início de 2022.
Seis núcleos principais desenham a narrativa da mostra que aborda o quilombo, o carnaval, a religiosidade, a congada, o período do pós-abolição e a capoeira.
São eixos formados por vídeos, fotografias, cartas e outros materiais da história afro-paranaense que estão sob a guarda do museu, mas que tiveram seus hiatos, ausências e carências preenchidos por meio de uma busca ativa da equipe de pesquisa por conteúdos complementares aos já existentes.
Para isso, foram feitas novas aquisições de esculturas, pinturas, bandeiras e até instrumentos musicais, todos relacionados à cultura negra e suas expressões.
– Essa política de novas aquisições enfatiza a importância do papel ativo do museu como um espaço de relações, que deve manter sempre um olhar crítico sobre o passado, o presente e o futuro – afirma a diretora do Mupa, Gabriela Bettega.
Curadoria compartilhada
Em "Ante ecos e ocos", o projeto de curadoria compartilhada foi formado por um grupo interdisciplinar de pesquisadores e artistas para construir o fio condutor a partir do acervo existente do Mupa, identificando as entradas possíveis de diálogo entre interesses acadêmico, museal, artístico e representativo dos afro-paranaenses.
Bruna Reis, Diogo Duda, Emanuel Monteiro, Fernanda Santiago e Geslline Giovana Braga fazem parte da equipe curatorial que trabalhou ativamente na pesquisa e composição da mostra, juntamente com o curador-chefe Richard Romanini, a antropóloga Josiéli Spenassatto e o historiador Felipe Vilas Bôas, integrantes da equipe interna do Museu.
– Foi um momento de valorização e privilégio poder fazer parte desse projeto tão especial, que tem o intuito de dar visibilidade para as pessoas negras do estado e suas manifestações culturais – afirma Bruna Reis, historiadora e mestre em Antropologia Social pela Universidade Federal do Paraná (UFPR).
Biografia do acervo
Na tentativa de biografar ao máximo as vidas que se relacionam de alguma forma ao acervo e assim combater questões relacionadas à invisibilidade das vozes negras, foram produzidos materiais exclusivamente para esta exposição.
É o caso do vídeo performance de dança "Entre caboclos e baianas", de Kunta Leonardo da Cruz, um registro da roda de capoeira do grupo Grupo Internacional Capoeira Aliance e de gravações de depoimentos em áudio de Nelson Fernandes (Pelé), Marize Aparecida da Silva Zeferino (Mãe Marize de Omolu), Maria José Teixeira da Silva, Maria Eloina Carneiro dos Passos, Maria do Rosário Carneiro dos Passos e Ramiro Gonçalves Bispo (da Comunidade Quilombola Família Xavier), Célio Machado da Silva (bisneto do liberto Serafim Machado), Ney Ferreira (Congada da Lapa), que o público poderá conhecer no espaço expositivo.