A intenção da ONU é que governos, setor privado e sociedade civil adotem o acordo em setembro de 2024, durante a chamada Cúpula do Futuro da organização. Embora o Pacto Digital Global proposto por Guterres seja abrangente.
Por Redação, com EFE - de Nova York
O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, propôs na segunda-feira um pacto global para gerenciar as tecnologias digitais, incluindo o rápido avanço da inteligência artificial (IA), que a organização alerta que pode trazer ameaças difíceis de controlar.

Guterres, que em 2021 lançou a ideia de um Pacto Digital Global que já defendia promover a regulamentação da IA, detalhou suas ideias sobre como fazer isso em um documento de 30 páginas.
A intenção da ONU é que governos, setor privado e sociedade civil adotem o acordo em setembro de 2024, durante a chamada Cúpula do Futuro da organização. Embora o Pacto Digital Global proposto por Guterres seja abrangente, um de seus eixos de maior destaque é a inteligência artificial, especialmente após os rápidos avanços observados nos últimos meses.
– Estamos começando a perceber a escala de seu potencial disruptivo, tanto positivo quanto negativo, mas ainda precisamos nos reunir para considerar as questões e colaborar na identificação de riscos e formas ágeis de mitigá-los – explicou.
Guterres, em um discurso na segunda-feira, ressaltou que um “limiar digital foi recentemente ultrapassado, com o uso generalizado de IA generativa na forma de ChatGPT e muitos outros aplicativos, uma tecnologia que terá um grande impacto, mas não está claro que será bom”.
– A perspectiva de um maior progresso tecnológico agora geralmente gera mais medo do que esperança. Até mesmo aqueles que desenvolveram a IA e que mais se beneficiariam com ela expressaram profunda preocupação e pediram, até mesmo imploraram, por ações em sua governança – enfatizou.
Responsabilidade
Guterres acredita que é necessário garantir que o projeto e o uso da IA sejam transparentes, seguros e sob o controle de seres humanos que possam ser responsabilizados, por isso ele defende a combinação de diretrizes e normas internacionais, estruturas regulatórias nacionais e padrões técnicos em uma estrutura que facilite o gerenciamento “ágil” dessas novas tecnologias.
Assim, entre as ações propostas estão a implementação urgente do trabalho de pesquisa com empresas para garantir que os sistemas de IA sejam seguros e alinhados com os valores humanos, e o estabelecimento de um grupo consultivo de alto nível com especialistas que se reúnam regularmente para tratar dessas questões.
Além disso, o secretário-geral da ONU pede que os governos cheguem a um acordo com o setor sobre diretrizes para orientar o desenvolvimento da IA ou se comprometam a fortalecer a transparência e incluir equipes de direitos humanos e ética nesse trabalho.
Por fim, Guterres pede que sejam consideradas “proibições sobre o uso de aplicativos cujo potencial ou impacto não possa ser justificado de acordo com a lei internacional de direitos humanos”, embora não especifique quais.
Há anos, Guterres vem alertando, por exemplo, sobre o risco das chamadas armas autônomas, sistemas militares guiados por inteligência artificial que podem tomar suas próprias decisões para lançar um ataque.