Em crítica à Rússia, Francisco afirma que "sofre e chora" pensando na dor dos ucranianos e pede corredores humanitários seguros em Mariupol, cidade que foi "barbaramente bombardeada e destruída".
Por Redação, com DW - de Cidade do Vaticano
O papa Francisco descreveu neste domingo a guerra na Ucrânia como uma "regressão macabra da humanidade" que o faz "sofrer e chorar". Ele pediu ainda a instalação de corredores humanitários para retirar os ucranianos que estão presos em Mariupol.
Dirigindo-se a milhares de fiéis na praça de São Pedro, no Vaticano, para sua oração do meio-dia, Francisco voltou a fazer críticas veladas à Rússia. Ele ainda pediu orações de um mês pela paz na Ucrânia, no catolicismo romano, o mês de maio é dedicado a Maria, mãe de Deus.
– Meus pensamentos vão imediatamente para a cidade ucraniana de Mariupol, cidade de Maria, barbaramente bombardeada e destruída – disse o pontífice sobre a cidade portuária no sudeste da Ucrânia, sob controle majoritariamente russo, que foi nomeada em homenagem a Maria.
Corredores humanitários
Francisco pediu corredores humanitários seguros para evacuar a siderúrgica Azovstal, em Mariupol, onde tropas e civis se abrigam da ofensiva russa. Neste domingo, a ONU informou que está realizando uma "operação de passagem segura" para os civis presos em Azovstal, em coordenação com o Comitê Internacional da Cruz Vermelha, a Rússia e a Ucrânia.
Em sua oração, o papa também questionou se todo o possível está sendo feito para pôr fim à guerra por meio do diálogo.
– Enquanto assistimos a uma regressão macabra da humanidade, me pergunto, junto a muitas outras pessoas angustiadas, se a paz está realmente sendo procurada, se realmente há uma vontade de evitar uma escalada militar e verbal contínua, se tudo está sendo feito para silenciar as armas – declarou o pontífice.
Ele ainda pediu a seus ouvintes para que "não cedam à lógica da violência, à espiral perversa das armas", e sim escolham um caminho do diálogo.
Desde o início da invasão russa da Ucrânia em 24 de fevereiro, Francisco não mencionou especificamente a Rússia ou seu presidente, Vladimir Putin, em suas falas. Mas ele deixa poucas dúvidas sobre a que lado do conflito se dirigem as suas críticas, usando termos como agressão e invasão injustificadas e lamentando atrocidades contra civis.
– Sofro e choro pensando no sofrimento da população ucraniana, em particular dos mais fracos, dos idosos, das crianças – afirmou o papa, lamentando "notícias terríveis de crianças que estão sendo expulsas e deportadas".
A Ucrânia disse que Moscou deportou à força milhares de pessoas para a Rússia. Em declarações divulgadas no sábado, o ministro do Exterior russo, Serguei Lavrov, afirmou que mais de 1 milhão de pessoas foram levadas da Ucrânia para a Rússia desde 24 de fevereiro. Segundo ele, 2,8 milhões de ucranianos pediram para serem transportados para território russo.