Rio de Janeiro, 05 de Dezembro de 2025

Guerra das entregadoras tem novo ‘front’, agora, no Judiciário

Empresários relatam retaliações do iFood após quebra de exclusividade, enquanto disputa com a 99Food esquenta. Entenda os desdobramentos legais.

Quinta, 13 de Novembro de 2025 às 20:41, por: CdB

Quatro empresários, com 43 operações ativas no iFood no total, relataram à mídia conservadora que tiveram seus restaurantes inativados na plataforma.

Por Redação, com Reuters – de São Paulo

Restaurantes exclusivos do iFood viram seus faturamentos derreterem depois que solicitaram a quebra desses acordos nos últimos três meses. Eles atribuem a redução ao que consideram ter sido uma retaliação por parte do aplicativo, que tenta conter o avanço de seu novo concorrente, a chinesa 99food, que voltou a atuar com entregas em outubro.

Guerra das entregadoras tem novo ‘front’, agora, no Judiciário | A entrada no mercado da 99Food agitou a concorrência
A entrada no mercado da 99Food agitou a concorrência

Quatro empresários, com 43 operações ativas no iFood no total, relataram à mídia conservadora que tiveram seus restaurantes inativados na plataforma e passaram a ser vetados em ações promocionais, mesmo quando eram elegíveis.

Quando um restaurante assina o contrato chamado ‘full service’ com o iFood, o aplicativo se responsabiliza por toda a operação de entrega. Os sistemas são integrados, e o restaurante passa a se ocupar apenas do preparo e da embalagem.

 

Aplicativo

Localizar o entregador, fazer a entrega, processar o pagamento, tudo fica com o iFood. A taxa desse serviço, porém, é alta. Para baixar, o aplicativo pede dos restaurantes a exclusividade – a empresa não pode estar em nenhuma outra plataforma.

Esse tipo de arranjo correu sem grandes problemas até esse ano, diz o dono de uma rede de restaurantes com oito lojas físicas e 30 operações diferentes no aplicativo. Com a expansão acelerada do iFood, ele afirma que o relacionamento com os executivos de contas vinha ficando difícil. A taxa que era de 15% passou a ser 19% por pedido.

O empresário, que pede para não ser identificado – por temer que a relação com o aplicativo se deteriore ainda mais –, afirma que, diante dessa insatisfação, foi procurado pela 99, com uma proposta que incluía isenção de taxa de serviço e outras vantagens.

 

Punição

A possibilidade de trabalhar também em outra plataforma pareceu interessante e a decisão de quebrar a exclusividade e pagar a multa prevista em contrato foi tomada então na primeira semana de agosto. A punição foi paga e no mesmo dia as operações ficaram fora do ar, sendo retomadas no dia seguinte.

Algumas semanas depois, nova surpresa. Das 30 operações, 20 foram encerradas no aplicativo pois, segundo o iFood, sem a exclusividade eles perderiam o direito de funcionar.

O enquadramento é contestado pelo empresário, para quem isso não está claro no contrato. Atualmente os restaurantes estão ativos, mas por força de liminar na Justiça. O delivery responde por quase 70% do faturamento da rede, que agora se vê também com dificuldades de aderir a promoções e fora das vitrines do aplicativo.

Acordo

O iFood diz que o acordo de exclusividade inclui soluções específicas de visibilidade e contrapartida pelo aplicativo, como investimento em anúncios e promoções. A empresa afirma também que as regras estão em conformidade com o termo firmado com o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).

“Como em qualquer parceria formal, o descumprimento do acordo resulta em consequências contratuais, incluindo multas e o retorno às condições padrão da plataforma”, diz a plataforma.

Na Justiça, os quatro aplicativos que atuam no setor, iFood, 99, Keeta e Rappi, trocam ações judiciais. A Polícia Civil também entrou no caso e investiga suspeitas de espionagem e concorrência desleal. Ex-funcionários do iFood são alvo de inquérito e na semana passada foi a vez da Keeta registrar boletim de ocorrência.

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