"O FMI concordou com as autoridades brasileiras em encerrar o nosso Escritório de Representação em Brasília até 30 de junho de 2022", afirmou Joana Pereira, representante residente do FMI no Brasil, em nota. Pereira disse ainda, a jornalistas, que o escritório foi aberto durante um acordo de assistência financeira do FMI em 1999.
Por Redação - de Brasília
O Fundo Monetário Internacional (FMI) planeja o encerramento das atividades de seu escritório, no Brasil, no início do ano que vem. A instituição foi ‘despejada’ do país, após o ministro da Economia, o empresário Paulo Guedes avisar que o governo pode prescindir dos serviços prestados pela sede regional do organismo econômico.
"O FMI concordou com as autoridades brasileiras em encerrar o nosso Escritório de Representação em Brasília até 30 de junho de 2022", afirmou Joana Pereira, representante residente do FMI no Brasil, em nota. Pereira disse ainda, a jornalistas, que o escritório foi aberto durante um acordo de assistência financeira do FMI em 1999 e que, embora o acordo do FMI com o Brasil tenha terminado em 2005, o escritório foi mantido para facilitar o diálogo entre o corpo técnico do fundo e as autoridades.
"Esperamos que a alta qualidade do envolvimento do corpo técnico do Fundo com as autoridades brasileiras continue, à medida que trabalhamos para apoiar o Brasil no fortalecimento de sua política econômica e arcabouço institucional", continuou, na nota.
Feijoada
O anúncio ocorre em meio a críticas de Guedes às previsões da instituição, que chegou a prever nas etapas iniciais da pandemia que a economia brasileira teria uma queda maior em 2020. Na véspera, Guedes assinou documento no qual deixa claro que o país não precisaria mais dos trabalhos in loco do fundo, embora a decisão por manter ou não o escritório seria do próprio FMI.
— Estamos dispensando, assinei há uma semana, pode passear lá fora. Chama-se residente do FMI no Brasil, nós que credenciamos. Já pedimos que, em junho do ano que vem, feche o FMI (no Brasil). Se eles (FMI) quiserem, mantêm o escritório. Mas nós oficialmente estamos dizendo que não precisamos tê-los aqui mais. Já há muitos anos que não precisávamos. Ficaram porque gostam de feijoada, futebol e de vez em quando criticar um pouco e fazer previsão errada — alfinetou Guedes.
Investidores
O ministro usou, ainda, o episódio para rebater também as críticas econômicas feitas por Ilan Goldfajn, ex-presidente do BC (Banco Central), que assumirá um cargo de direção no fundo.
— Aparentemente, o ex-presidente do Banco Central criticou muito o Brasil e ele está indo para lá. É um bom economista, bom amigo, mas se já tem um ponto de vista aparentemente bem crítico e bem negativo sobre o Brasil, ainda precisa de um representante aqui? — questionou o ministro.
Goldfajn, que é presidente do conselho do Credit Suisse, afirmou em entrevista ao portal Neofeed nesta semana que os investidores estrangeiros não estão fugindo do Brasil.
— Eles já fugiram — alertou Goldfajn.
Segundo o próprio Guedes, o Ministério da Economia já teria expressado ao FMI sua posição antes das críticas de Goldfajn e apenas aproveitou o momento para anunciar a medida como forma de rebater os comentários do ex-presidente do BC.