Armados, os agressores aceleraram contra os Yanomami e bateram com o barco contra a canoa, fazendo com que os indígenas caíssem na água e a embarcação afundasse. Os jovens e crianças conseguiram fugir pelo rio e pela mata, enquanto ouviam os garimpeiros.
Por Redação, com BdF - de Boa Vista
Garimpeiros ilegais invasores da Terra Indígena Yanomami, em Roraima, atacaram crianças e jovens na noite passada, segundo relatos de autoridades policiais do Estado na manhã deste sábado. Seis crianças, com idades entre dez e onze anos, e dois adolescentes que pescavam em uma canoa no Rio Uriracoera próximo à Comunidade Tipolei, na região do Palimiu, foram derrubados da canoa pelos invasores.
Armados, os agressores aceleraram contra os Yanomami e bateram com o barco contra a canoa, fazendo com que os indígenas caíssem na água e a embarcação afundasse. Os jovens e crianças conseguiram fugir pelo rio e pela mata, enquanto ouviam os garimpeiros, chamando por eles, oferecendo bolachas e alimentos. Assustados com o ataque e temendo por suas vidas, os Yanomami fugiram até a Comunidade Yakepraopë.
Mais um ofício foi enviado pela Hutukara Associação Yanomami à FUNAI, à PF/RR, ao MPF/RR e à 1ª Brigada de Infantaria da Selva do Exército (1ª BIS). Esse já é o décimo pedido de socorro dos indígenas, que há pelo menos dois meses não conseguem dormir, pescar ou caçar por conta dos frequentes ataques. No documento, assinado por Dario Kopenawa Yanomami, vice-presidente da Hutukara, os indígenas imploram por segurança.
Sem apoio
"Os Yanomami continuam sujeitos aos recorrentes episódios de ataques e hostilidades contra suas vidas. Mais uma vez, reiteramos a urgência que o poder público atue de forma sistemática e permanente para conter a atividade do garimpo ilegal na Terra Indígena Yanomami e garantir a segurança nas comunidades”, disse, no ofício.
A região do Palimiu, em Roraima, tem 15 comunidades indígenas. Dessas, quatro já foram alvo dos ataques dos garimpeiros, são elas Yakepraopë, Maikohipi, Korekorema e Tipolei. O clima tenso na região se dá por falta de atenção do governo federal, que há mais de três semanas ignora a decisão do ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), que determinou que o governo garantisse a segurança dos indígenas Yanomami e Munduruku.
No último dia 14 de junho, o Ministério da Justiça e Segurança Pública autorizou o uso da Força Nacional de Segurança Pública na Terra Indígena Yanomami, onde os atentados e ameaças são diários.
Balas e bombas
Outras crianças já morreram por conta dos garimpeiros
O clima de ameaças persegue os Yanomami desde o dia 27 de abril, quando os indígenas interceptaram uma carga de quase mil litros de combustível para aeronaves do garimpo. Desde o episódio, os invasores perseguem, ameaçam e atacam com balas e bombas de gás lagrimogêneo os povos originários da região.
Duas crianças, de um e cinco anos, morreram afogadas ao cair no Rio Uriracoera enquanto fugiam dos tiros de um ataque à comunidade Yakepraopë em 11 de maio deste ano. Após este episódio, um cachorro foi morto com um tiro pelos garimpeiros ilegais como forma de ameaça aos indígenas.