Rio de Janeiro, 05 de Dezembro de 2025

Fundos de investimento buscam por novas oportunidades, mas fora da China

Os ativos totais do ETF EMXC, que investe em ações de emergentes excluindo a China, deram um salto de quase 50% nos últimos dois meses, para US$ 8 bilhões, ultrapassando o maior ETF de ações com foco no país asiático. Há apenas três anos, este último superava em mais de 50 vezes o fundo que exclui a China.

Quarta, 20 de Dezembro de 2023 às 20:31, por: CdB

Os ativos totais do ETF EMXC, que investe em ações de emergentes excluindo a China, deram um salto de quase 50% nos últimos dois meses, para US$ 8 bilhões, ultrapassando o maior ETF de ações com foco no país asiático. Há apenas três anos, este último superava em mais de 50 vezes o fundo que exclui a China.


Por Redação, com Bloomberg - de Londres

O declínio da China como o principal porto de destino para os grandes investidores mundiais tem levado à busca de oportunidades de crescimento em mercados emergentes. Os fluxos para o maior fundo de índice dedicado a ações de economias em desenvolvimento fora do país estão em alta.

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O yuan digital tem sua cotação negociada entre os principais fornecedores do país


Os ativos totais do ETF EMXC, que investe em ações de emergentes excluindo a China, deram um salto de quase 50% nos últimos dois meses, para US$ 8 bilhões, ultrapassando o maior ETF de ações com foco no país asiático. Há apenas três anos, este último superava em mais de 50 vezes o fundo que exclui a China.

Essa migração nos fundos só tende a ganhar força, de acordo com analistas e gestores de ativos. Os mercados acionários de Índia, Brasil e México atingiram recordes na semana passada em meio à perspectiva de queda dos juros nos EUA, enquanto o índice de referência da China, o CSI 300, caiu para o menor nível em quase cinco anos.

 

Emergentes


A América Latina é “nossa geografia favorita no espaço dos mercados emergentes”, disse Todd Jablonski, diretor de investimentos para alocação de ativos da Principal Asset Management.

— México, Brasil e Chile têm sido negociados com profundos descontos históricos em relação aos seus ‘valuations’ tradicionais — acrescentou.

A projeção do Morgan Stanley (MS) de 17 de novembro de que o índice MSCI Emerging Markets Latin America atingiria 2.900 pontos até o final de 2024 já corre o risco de parecer conservadora. Com o rali no último mês, a previsão representaria um ganho de apenas 12%.

Ainda assim, o indicador tem ampla margem para subir ainda mais, sendo negociado a cerca de 9,1 vezes o lucro projetado para os próximos 12 meses, bem abaixo da média de 10 anos, de 12,1 vezes.

— Mesmo que o desempenho econômico decepcione, os preços dos ativos estão muito baixos para serem ignorados na Colômbia e na América Latina em geral. Investidores que ficam de fora devido à desconfiança em relação a políticos de esquerda ignoram o fato de que esses países têm proporcionado estabilidade macroeconômica e fortes retornos — disse Gustavo Medeiros, chefe de pesquisa da Ashmore, de Londres.

 

‘Orfanato’


Do outro lado do mundo, a China começa a parecer um “orfanato de mercados emergentes”, à medida que muitos investidores retiram o país de seus portfólios com foco nessas regiões, segundo estrategistas do JPMorgan (JPM).

O banco afirma que investidores buscam substituir o país em suas carteiras de renda variável por geografias que ofereçam perspectivas de crescimento convincentes – como Índia, Arábia Saudita e México. Também olham para países com exposição indireta à China – como o Brasil e o Chile – com base nas expectativas de que o crescimento do gigante asiático irá impulsionar os preços das commodities.

— A Índia surge progressivamente como uma oportunidade a longo prazo, com sua força de trabalho em expansão e um sistema bancário mais estável, ambos contribuindo para um ciclo ascendente de crédito e investimento — disse Sunny Ng, gestor de portfólio da PineBridge Investments.

O índice MSCI China negocia a 10,2 vezes o lucro projetado para os próximos 12 meses, contra uma média de 10 anos de 12,6 vezes, mostram dados compilados pela Bloomberg. No entanto, isso não é suficiente para atrair investidores preocupados com tensões geopolíticas persistentes, riscos regulatórios e receio de interferência estatal.

— Numa visão de médio prazo, não tenho muita confiança no lado chinês. Prefiro colocar meus ovos na Índia, na Arábia Saudita e no Brasil. E no México, porque está cada vez mais ligado aos EUA — afirmou Dubravko Lakos-Bujas, estrategista-chefe de ações globais do JPMorgan.

No Brasil, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva apresentou um marco fiscal que ajudou a sustentar os preços dos ativos, enquanto o mexicano Andrés Manuel López Obrador adotou uma abordagem orçamentária rigorosa durante a pandemia.

 

Dívidas


Quanto ao vizinho brasileiro mais endividado, o governo da China piorou muito a situação argentina ao suspender, nesta quarta-feira, o financiamento de US$ 6,5 bilhões (R$ 31,6 bilhões) a partir de linha de swap cambial para a Argentina, parte de um acordo entre o então presidente argentino Alberto Fernández e seu homólogo chinês, Xi Jinping. Parte desse valor seria utilizado para pagar as dívidas com o Fundo Monetário Internacional (FMI).

A decisão, divulgada pela agência norte-americana REDD Intelligence, citando fontes do governo argentino, coincide com a posse presidencial de Javier Milei, que já afirmou em outras ocasiões que romperia relações com a “ditadura comunista” da China.

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