Capital amazonense atravessa pior outubro de incêndios em 25 anos, com sério perigo de saúde. Ministra Marina da Silva aponta três fatores, mas enfatizando atividades "criminosas": "Não há fogo natural na Amazônia."
Por Redação, com DW - de Brasília
A metrópole amazônica Manaus está sufocada há dias por uma nuvem tóxica originária de incêndios "criminosos", alertou na sexta-feira o Ministério do Meio Ambiente.
Desde a quarta-feira, focos de incêndio na Amazônia lançaram uma capa de fumo cinzento sobre a cidade de 2 milhões de habitantes. Segundo o World Air Quality Index, a qualidade do ar de Manaus está entre as piores do mundo.
– Essa fumaça está nos prejudicando. Muita gente não tem consciência de que estão queimando a floresta, de que muitos animais estão morrendo – lamentou a moradora Maria Luiza Reis, de 72 anos.
As autoridades sanitárias nacionais instaram a população a evitar ao máximo a exposição à poluição nos próximos dias. O diretor do Departamento de Emergências em Saúde Pública, Marcio Henrique de Oliveira Garcia, confirmou, numa coletiva de imprensa em Brasília, que há "riscos importantes, principalmente de enfermidades respiratórias".
Incêndios provocados
O governo brasileiro anunciou na sexta-feira que enviará dois helicópteros e 149 brigadistas adicionais, além dos 140 que já atuam no combate ao fogo na região. No momento o estado do Amazonas atravessa seu pior outubro em 25 anos, no tocante a focos de incêndio: o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) registrou 2.770 focos ativos no último mês, um aumento de 154% em relação ao mesmo período de 2022.
Em coletiva de imprensa, a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, associou os incêndios a "criminosos" que os utilizam para limpar e preparar o solo para a agricultura ou a pecuária, após desflorestar a superfície. "O principal vetor das queimadas é desmatamento, não existe fogo natural na Amazônia", assegurou.
Os sinistros ocorrem em meio a uma seca extrema na região, com os rios em níveis criticamente baixos, dificultando o transporte e o abastecimento de cerca de 500 mil habitantes.
– É uma situação de extrema gravidade, porque há cruzamento de três fatores: grande estiagem provocada pelo El Niño; matéria orgânica em grande quantidade ressecada; ateamento de fogo em propriedades particulares e dentro de áreas públicas, de forma criminosa – explicou Silva.
Devido à nuvem tóxica, diversos eventos foram cancelados em Manaus, inclusive uma maratona. Enquanto isso, contudo a atividade segue nas docas da capital, de rosto protegido por máscaras, trabalhadores vêm e vão levando sua carga, e lanchas atravessam o rio Negro.