Esquerda rompe trégua da pandemia e volta às ruas de várias cidades francesas, em protesto contra o que denuncia ser o estabelecimento de ideias extremistas de direita no centro da sociedade.
Por Redação, com DW - de Paris
Dezenas de milhares de pessoas em toda a França foram às ruas no sábado, numa série de marchas contra o que os organizadores denunciam ser uma influência crescente de ideias de extrema direita na sociedade. Membros de mais de 100 organizações de esquerda participaram da chamada "Marcha da Liberdade". Os protestos foram a primeira oportunidade para uma esquerda dividida ir às ruas após um ano e meio de restrições devido à pandemia. Os organizadores estimaram em 70 mil o número de participantes em Paris e 150 mil em todo o país. A polícia e o Ministério do Interior divulgaram estimativas mais moderadas, de 9 mil participantes na capital e 37 mil no resto da França. Segundo o governo francês, houve 119 marchas durante o sábado no país. Em Nantes, no oeste da França, cerca de 900 pessoas compareceram a um protesto que terminou em conflito com a polícia. No porto mediterrâneo de Marselha, mais de mil manifestantes marcharam pedindo "unidade para quebrar o capitalismo que leva ao fascismo". Os participantes levaram diferentes pautas às manifestações. Eles protestaram, por exemplo, contra uma lei que abre espaço para processos judiciais contra quem publicar imagens de policiais em ação. Também houve, protestos, como em Paris e Toulouse, por exemplo, contra o que os manifestantes acusam ser o estabelecimento de ideias de extrema direita no centro da sociedade, com as eleições do próximo ano como pano de fundo. – As ideias de extrema direita estão ganhando terreno – disse um professor de 54 anos na cidade de Toulouse, à agência de notícias AFP. As ideias de extrema direita, alertou Benoît Hamon, candidato presidencial socialista em 2017, "não são mais monopólio dos partidos de extrema direita e já penetraram amplamente na classe política francesa".