O chefe de Estado argentino afirma que pretende “contribuir com a Presidência brasileira para o êxito da reunião”. Milei e Lula, até agora, não tiveram um encontro sequer e têm demonstrado divergências publicamente.
Por Redação, com Página 12 – de Brasília e Buenos Aires
Os presidentes da Argentina, Javier Milei, e do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), terão enfim um encontro – ainda que obrigatório – na cúpula do G20 que se realizará no Rio de Janeiro, em novembro. O anarcocapitalista argentino, por meio da diplomacia, encaminhou uma carta ao brasileiro na qual confirma presença na reunião sediada pelo Brasil, segundo o Itamaraty.
O chefe de Estado argentino afirma que pretende “contribuir com a Presidência brasileira para o êxito da reunião”. Milei e Lula, até agora, não tiveram um encontro sequer e têm demonstrado divergências publicamente. Em diferentes ocasiões, Milei atacou o líder brasileiro, que devolveu as críticas com total desprezo.
Em queda
Impossível dissociar a decisão de Milei, de posar para foto ao lado do líder brasileiro, do fracasso de sua gestão à frente do país vizinho. Enquanto o crescimento da economia brasileira consolida a liderança mundial do presidente, a derrocada do modelo ultraliberal na gestão da economia portenha coloca por terra o discurso extremado de Milei.
Em Buenos Aires, principal reduto eleitoral do presidente, é a província em que a classificação de gestão obtém o número mais baixo. Crescem os sentimentos negativos e a defesa das universidades públicas gratuitas, alvo dos cortes de recursos públicos do atual gestor.
A população de Buenos Aires é a que avalia pior a administração presidencial de Javier Milei (4,5), enquanto a população de Córdoba e Mendoza é a que a avalia melhor (6,1). A avaliação média do governo caiu 30 centésimos , de 5,3 para 5, desde a medição anterior, em julho passado.
‘Hora-chave’
Os dados constam de um recente relatório publicado pela consultora Explanans, sob o título: ‘Hora-chave. Quanto crédito Milei tem sem melhorar o bolso?’, realizada entre 4 e 7 de outubro. O aspecto mais relevante do estudo é o tamanho da amostra, que totaliza 6.154 entrevistas, distribuídas por 25 centros urbanos de todo o país, com margem de erro estimada em 1,21% para mais, ou para menos.
“Javier Milei completou 300 dias de gestão. A primeira conclusão é que a imagem presidencial continua elevada, mas com indicadores notáveis de desgaste”, diz o parágrafo inicial das conclusões, por se tratar de uma série que mede as mesmas variáveis a cada 100 dias.
A medição anterior, que data de julho passado, ainda apresentava, embora mínimo, um diferencial positivo: 50,7 para 49,3. Neste último, em linha com o que afirmaram os autores da consultoria, o diferencial mudou de sinal, de positivo para negativo e a diferença cresceu. Agora as avaliações negativas superam as positivas em 52,6 a 47,4, com um diferencial negativo de mais de cinco pontos.