A Ford é mais um caso, comenta Olívio Dutra, de empresa do setor automobilístico que busca “desenvolvimento econômico e material com menor custo para si e maior aporte de subsídios e recursos públicos para expansão de seus negócios”.
Por Redação, com RBA - de Porto Alegre
Em 1999, o então governador gaúcho, Olívio Dutra, recém empossado, foi duramente criticado devido ao episódio da Ford, que iria se instalar no Rio Grande do Sul e acabou rumando para a Bahia. Abriu fábrica em Camaçari, inaugurada em outubro de 2001. A mesma fábrica que é desativada agora, juntamente com as de Taubaté (SP) e Horizonte (CE), no encerramento das atividades da montadora no Brasil.
Mais um caso, comenta Olívio, de empresa do setor automobilístico que busca “desenvolvimento econômico e material com menor custo para si e maior aporte de subsídios e recursos públicos para expansão de seus negócios”.
Era assim que a Ford pretendia agir no Rio Grande, 20 anos atrás, lembra o ex-governador.
“A sua instalação, em um território ou país no globo, é uma decisão de mercado, avaliada por satélites, e importa-se pouco com impactos sociais, econômicos, ambientais e culturais, tanto quando de sua aterrissagem como quando de sua decolagem”, afirma.
Ele lembrou que a empresa, com sua “lógica perversa”, encontrou resistência do governo que se instalava. Na eleição estadual de 1998, Olívio (PT) venceu Antônio Britto (PMDB), que tentava a reeleição.
“Oposição insidiosa”
Eleito, o petista questionou tanto o acordo do antecessor com a Ford como o celebrado com a GM, que acabou se instalando em Gravataí, em julho de 2000. Com a Ford houve impasse, do qual se aproveitou o governo da Bahia. Olívio lembra que a empresa atacou o governo eleito.
“Orquestrou, com suas influências políticas e sua generosa conta publicitária, uma oposição insidiosa ao novo governo. Pretendia sequer prestar contas do dinheiro público já recebido. Não logrou o intento. Perdeu, inclusive, no Judiciário. O resto da história é sabido”, afirma.
Agora, emenda Olívio Dutra, a Ford “está alçando voo para outras paragens, fora do Brasil, depois de ter torcido por um novo governo federal que flexibilizasse as leis trabalhistas, previdenciárias, enfraquecesse os sindicatos, desregulamentasse normas de controle público, etc”.
“A estratégia é a mesma, os discursos de seus, às vezes discretos outras nem sempre, declarados apoiadores, é que são diferentes segundo as conveniências das políticas dos governantes com os quais se alinham”, diz ainda Olívio.
Ele cita, ainda, em sua mensagem no Facebook, várias pessoas de sua equipe “que mantiveram paciência, coesão e firmeza na sustentação da política da Frente Popular de respeito à coisa pública, ao dinheiro público e na afirmação e prática de um governo democrático, participativo e republicano sob o qual o RS se desenvolveu social e economicamente acima da média nacional do período”.