Gourinchas alerta, contudo, que o contexto para os aumentos das tarifas é “muito diferente”. A economia global é caracterizada por um elevado grau de integração econômica e financeira, com cadeias de suprimentos e fluxos financeiros cruzando o mundo.
Por Redação, com Reuters – de Washington
Economista-chefe do Fundo Monetário Internacional (FMI), Pierre-Olivier Gourinchas fez um alerta, nesta terça-feira, para os impactos do tarifaço do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, na economia global. Neste momento, observou, os riscos para a perspectiva estão inclinados para baixo, tanto no curto quanto no médio prazo, diante de incertezas prolongadas no comércio global.

— Embora muitos dos aumentos tarifários programados estejam suspensos por enquanto, a combinação de medidas e contramedidas elevou as taxas tarifárias americanas e globais a níveis recordes — acrescentou, na leitura do relatório Perspectiva Econômica Mundial (WEO, na sigla em inglês) do FMI, publicado nesta manhã.
Incertezas
Gourinchas alerta, contudo, que o contexto para os aumentos das tarifas é “muito diferente”. A economia global é caracterizada por um elevado grau de integração econômica e financeira, com cadeias de suprimentos e fluxos financeiros cruzando o mundo. Um potencial desmantelamento pode constituir uma “importante fonte de turbulência econômica”, assegurou.
— Diante da crescente incerteza sobre o acesso aos mercados, a reação inicial de muitas empresas será pausar, reduzir o investimento e cortar compras. Da mesma forma, as instituições financeiras vão reavaliar sua oferta de crédito às empresas, até que possam avaliar a exposição destas ao novo ambiente — alertou o economista.
Já no médio prazo, o dólar tende a se desvalorizar, e mercados cambiais podem apresentar forte volatilidade.
— Isso pode ser difícil de administrar, especialmente para economias de mercados emergentes — avalia.
Corte
Em seu relatório, o FMI cortou quase pela metade a projeção de crescimento do comércio global neste ano. O organismo espera uma expansão de 1,7% em 2025, uma queda de 1,5 ponto porcentual em relação à sua projeção anterior.
— Essa previsão reflete o aumento das restrições tarifárias que afetam os fluxos comerciais e, em menor grau, os efeitos decrescentes de fatores cíclicos que sustentaram o recente aumento do comércio de bens — calcula.
O FMI faz um alerta para o “momento crítico” que a economia global atravessa e que deve resultar em menor crescimento e mais inflação nos próximos anos como reflexo das tarifas de Trump. O organismo não projeta, contudo, recessão em seu cenário base.
O FMI espera que a economia mundial cresça 2,8% neste ano, projeção 0,5 ponto porcentual menor que a anterior, divulgada em janeiro. Para o próximo ano, a expectativa passou para uma alta de 3,0%, contra estimativa de avanço de 3,3%.