O festival é criado e promovido pelo coletivo Mídia Indígena com o apoio institucional do Ministério dos Povos Indígenas e tem como patrocinador oficial o Instituto Cultural Vale, articulação do Centro Cultural Vale Maranhão (CCVM) e também com o apoio do Ministério da Cultura.
Por Redação, com Brasil de Fato - de Brasília
Começou nesta quarta-feira, em Brasília, o Festival Brasil é Terra Indígena, que reunirá uma síntese da diversidade de pensamentos e estéticas dos mais de 300 povos indígenas do Brasil com uma ampla feira de arte e uma série de debates. São dois dias de evento no Museu Nacional da República.
Trabalhos de mais de 80 artistas dos seis biomas brasileiros estarão expostos na Feira de Arte dos Povos Indígenas, aberta das 9h às 20h, no edifício anexo do Museu Nacional. Já a série de talk shows, que debate temas como moda e crise climática, acontecem no Espaço Tecnologia e Ancestralidade, instalado no Auditório II do museu.
Participam da exposição povos Yanomami, Macuxi, Terena, Baré, Ashaninka, Kadiwéu, Guarani, Guajajara, Tremembé, Wauja e Mehinaku. "Há muitos anos me relaciono com vários grupos indígenas de todo o Brasil, então a ideia é retratar a diversidade de belezas da arte ligada à ancestralidade, e apresentar a riqueza dos saberes de convivência e proteção desses biomas, porque a relação da arte indígena está muito conectada ao bioma, na relação que se estabelece ao viver completamente integrado na sabedoria da relação com a natureza", explica o curador Marcelo Rosenbaum.
O arquiteto curador acredita que a compreensão do que é a arte indígena passa por entender que tanto objetos decorativos quanto aqueles que podem ser usados no dia a dia “reverenciam os animais, a natureza como um todo, mas também serem encantados, seres que estão além do material. Além da beleza, também está o respeito e reconhecimento dos valores que vêm dos saberes e do imaginário dos artistas originários, porque essa é a arte originária do que hoje a gente chama de Brasil. Aí temos mais uma função da feira, que é preservar, honrar e valorizar esses povos e sua arte”, ressalta.
O festival é criado e promovido pelo coletivo Mídia Indígena com o apoio institucional do Ministério dos Povos Indígenas e tem como patrocinador oficial o Instituto Cultural Vale, articulação do Centro Cultural Vale Maranhão (CCVM) e também com o apoio do Ministério da Cultura. A feira e os talk shows têm patrocínio do Ministério do Empreendedorismo, da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte.
Debates contemporâneos
O Espaço Tecnologia e Ancestralidade foi criado para abrigar debates e rodas de conversa. A série de rodas de conversa Comunicação Indígena e Suas Narrativas contará com a participação de entidades e associações como Mídia Indígena, Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), Coordenação de Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab), Grande Assembleia dos Povos Guarani e Kaiowá (ATy Guasu), Articulação dos Povos e Organizações Indígenas do Nordeste, Minas Gerais e Espírito Santo (Apoinme), Articulação dos Povos Indígenas da Região Sul (Arpinsul), Articulação dos Povos Indígenas da Região Sudeste (Arpinsudeste), Comissão Guarani Yvyrupa e o Conselho do Povo Terena.
Japupromti Parkatêjê, do povo Gavião do Pará e membro do Mídia Indígena, explica que “o objetivo é dar visibilidade ao protagonismo dos povos indígenas em diversos temas e a conexão dessa diversidade com a riqueza cultural que existe no Brasil, além de entender as questões específicas de cada povo e buscar soluções coletivas para uma luta que é de todos”. “Pensamos em reunir temas que possam fortalecer a luta coletiva dos povos indígenas de todos os biomas, e vamos discutir desde a moda até questões climáticas”, complementa.
Música
Destaques indígenas na música brasileira contemporânea integram o line-up do festival: Djuena Tikuna, Kaê Guajajara, Siba Puri, DJ Rapha Anacé, Tainara Takua, Gean Pankararu, Heloisa Araújo Tukue, Brisa Flow, DJ Eric Terena, MC Anarandá, Katú Mirim, Òwerá, Edvan Fulni-ô, Suraras do Tapajós, Brô MC's, DJ Scott Hill, DJ Italo Tremembé, e Grandão Vaqueiro.
Os artistas Gaby Amarantos, Xamã, Lenine, Mariene Castro e Felipe Cordeiro dividirão palco com os artistas indígenas. “Queremos dar espaço a quem já tem estrada e a quem está começando. Para promover um grande intercâmbio e fortalecer o teor político do festival, convidamos artistas não-indígenas consagrados na indústria musical que sejam aliados da nossa causa”, explica Priscila Tapajowara, coordenadora do Brasil É Terra Indígena.
Confira a programação completa
Quarta-feira - 13 de dezembro
11h - Talk Show: Comunicação Indígena e suas Narrativas
Mediação: Erisvan Guajajara - Mídia Indígena
Convidados: Samela Sateré Mawé - Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib); Mitã Xipaya - Coordenação de Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab); Sally Nhandewa - Grande Assembleia dos povos Guarani e Kaiowá (Aty Guasu); Ziel Karapotó - Articulação dos Povos e Organizações Indígenas do Nordeste de Minas Gerais e Espírito Santo (Apoinme); Gabriel Karai - Articulação dos Povos Indígenas da Região Sul (Arpinsul); Jovino Guarani - Comissão Guarani Yvyrupa (CGY); Cicero Terena - Conselho do Povo Terena e Vanessa Kaingang - Articulação dos Povos Indígenas da Região Sul (ArpinSul)
14h - Talk Show: Economia ancestral e a Sociobiodiversidade
Mediadora: Tipuici Manoki - Comunicadora e artesã indígena
Convidados: Lu Tariano - Coordenadora do Departamento de Negócios Socioambientais da Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (FOIRN); Adriana Ramos - Secretária Executiva do Instituto Socioambiental e coordenadora do Observatório do Clima; Lucia Alberta - Diretora de Promoção ao Desenvolvimento Sustentável da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai); Juliano Salgado - Cineasta e Presidente do Instituto Terra e Marcelo Rosenbaum - Fundador do Instituto A Gente Transforma, arquiteto e designer
16h - Talk Show: Diálogo sobre a ocupação indígena na moda
Mediação: Samela Sateré Mawé - comunicadora e influenciadora digital
Convidados: Patricia Naiara Kamayura - Estilista indígena Xingu; Rodrigo Tremembé - Estilista e design de moda; Weena Tikuna - Artista indígena e produtora de moda; Sioduhi Lima - Estilista do povo Piratapuya
17h30 - Talk Show: Música Indígena no Topo
Mediadora: Djuena Tikuna
Convidados: Brô MCs; Heloisa Araújo Tukue; Erick Terena; Gean Pankararu; Edvan Fulni-ô ; Owerá; Katú Mirim
Atrações musicais
18h - DJ Ítalo Tremembé
19h30 - Heloisa Araújo Tukue
20h00 - Anarandá MC
20h30 - Katú Mirim
21h00 - Gean Pakararu e Lenine
21h30 - Kaê Guajajara
22h00 - Grandão Vaqueiro
22h30 - Òwerá
23h - Brô MC´s e Xamã
00h - DJ Scott Hill
Quinta-feira - 14 de dezembro
10h - Talk Show: Questões climáticas, o que é isso?
Mediadora: Jozileia Kaingang
Convidados: Marina Silva - ministra do Meio Ambiente; Max Maciel - Deputado Distrital; Conceição Amorim - Assistente social e professora do estado do Maranhão; Beka Munduruku - Comunicadora da Mídia Indígena e do Coletivo Daje Kapap Eypi e Suliete Baré - Coordenadora geral de Enfrentamento à Crise Climática do Ministério dos Povos Indígenas (MPI)
Atrações musicais
18h - DJ Rapha Anacé
19h - Siba Puri
19h30 - Edivan Fulni-ô
20h - Ato Político “Brasil é Terra Indígena”
21h - Tainara Takua
21h30 - Djuena Tikuna e Mariene de Castro
22h - Brisa Flow
22h30 - Suraras dos Tapajós, Gaby Amarantos e Felipe Cordeiro
23h30 - DJ Eric Terena
Festival Brasil É Terra Indígena
Feira de Arte dos Povos Indígenas: 13 e 14 de dezembro, das 9 às 20h
Espaço Tecnologia e Ancestralidade: talk shows dias 13 e 14 de dezembro, a partir das 10h
Atrações musicais: 13 dezembro, a partir das 19h, e 14 de dezembro, a partir das 18h
No Museu Nacional da República (Setor Cultural Sul, Lote 2)
Entrada Gratuita
Classificação etária: livre