Rio de Janeiro, 08 de Fevereiro de 2025

Expulsão de imigrantes abre as portas para os robôs, nos EUA

Arquivado em:
Segunda, 03 de Fevereiro de 2025 às 14:11, por: Gilberto de Souza

A indústria com capacidade para montar em curto espaço de tempo milhares de máquinas humanoides, de propriedade do bilionário norte-americano Elon Musk, secretário do governo de Donald Trump para a redução de despesas do Estado, conta com a parceria da Nvidia, indústria de ponta no desenvolvimento da Inteligência Artificial (IA).

Por Gilberto de Souza – do Rio de Janeiro

A caçada aos imigrantes nos EUA, muitos deles brasileiros, tem um objetivo muito específico, segundo analistas econômicos ouvidos pela reportagem do Correio do Brasil, nos EUA. Enquanto corre para expulsar o maior número possível de cidadãos com permanência ilegal em solo norte-americano, o governo do presidente Trump apoia – política e financeiramente – a construção em curso da maior fábrica de robôs, em nível planetário, localizada em Austin (TX-EUA).

robos.jpg
Os robôs criados pela Tesla, com cérebro da Nvidia, cumprem tarefas repetitivas com eficiência

A indústria com capacidade para montar em curto espaço de tempo milhares de máquinas humanoides, de propriedade do bilionário norte-americano Elon Musk, secretário do governo de Donald Trump para a redução de despesas do Estado, conta com a parceria da Nvidia, indústria de ponta no desenvolvimento da Inteligência Artificial (IA). Os robôs construídos, segundo observou o engenheiro Eduardo Giraldez, CEO de uma empresa de tecnologia com sedes no Rio de Janeiro e em Miami (FL-EUA) e que acompanha de perto o desenvolvimento do setor, “têm capacidade para realizar tarefas repetitivas, as mesmas para as quais os imigrantes são contratados”.

Ou seja, lavar pratos, cuidar dos afazeres domésticos e jardinagem, entre outras, no caso das residências norte-americanas; ou apertar parafusos, despachar ítens produzidos na indústria, trabalhar na colheita ou nos centros de atendimento, na aplicação industrial, são tarefas para as quais a robótica desenvolvida não apenas nos EUA, mas em países como o Japão e a China já encontrou soluções práticas e a um custo comercial adequado aos orçamentos da classe média norte-americana.

— Sem contar os motoristas de aplicativo, com a chegada dos pilotos automáticos da Tesla, que serão substituídos quase que de imediato, por significar uma fonte de renda para os proprietários dos táxis automatizados. Não apenas substituirão os humanos como não param para almoçar, não têm intercorrências de saúde ou familiares — observou Giraldez.

 

Avanços

Os robôs humanoides construídos pela Tesla, batizados de ‘Optimus’, segundo definição da própria empresa ainda em 2021, foram projetados para “realizar tarefas domésticas e profissionais, como servir bebidas, por exemplo. Ele também pode receber comandos de humanos e responder a estímulos do ambiente, com a mesma tecnologia dos veículos autônomos da Tesla, como câmeras, sensores e redes neurais de IA”.

Com lançamento previsto para este ano, embarcados com a tecnologia da Nvidia, os robôs já estão em linha de produção, o que acelera a necessidade de os EUA se livrarem, o quanto antes, dos imigrantes a serem substituídos pelos cérebros computadorizados, chamados ‘Jetson Thor’, para o desenvolvimento de robôs semelhantes aos humanos.

‘Jetson Thor’ é a mais recente adição à plataforma Jetson da Nvidia, uma linha de computadores compactos projetados para aplicações de IA, com o novo modelo agora focado em robótica. Em vez de competir diretamente na fabricação de robôs – um setor em que empresas como a Tesla investiram nos avanços da eletrônica e das baterias -, a Nvidia se posiciona como um fornecedor de tecnologia, semelhante ao Google, que fornece a plataforma Android aos fabricantes de celulares; ou à Apple, com seu sistema operacional.

 

Custo social

Enquanto a fábrica da Tesla, no Texas, cumpre o cronograma de montar os primeiros modelos de robôs humanoides, a exemplo da Ford no início do século passado com os modelos T dos automóveis que hoje entopem as avenidas, estradas e ruas mundo afora, a administração Trump corre para liberar as vagas a serem preenchidas, com a ausência dos imigrantes expulsos, a toque de caixa.

— Quanto mais robôs forem produzidos e destinados a ocupar as vagas deixadas pelos seres humanos, maior será a despesa do Estado norte-americano com a subvenção das necessidades geradas por uma massa de desempregados. Apenas esse fato já explica a pressa em expulsar, o quanto antes, o maior número possível de imigrantes. Assim, essa despesa fica automaticamente transferida para os países de onde vieram, a exemplo do Brasil e do México, principalmente — observa o engenheiro.

 

Construção civil

A xAI, empresa de IA de Elon Musk, recebeu recentemente um aporte de US$ 6 bilhões, com o qual financia a construção do maior parque de inteligência artificial do mundo. Serão, ao todo, 100 mil GPUs H100 da NVIDIA, quatro vezes maior do que o maior parque de GPUs em operação atualmente, o que torna Elon Musk um peso pesado do setor.

O novo parque em desenvolvimento, chamado de ‘Giga Fábrica de Calcular’, impulsionará também a construção do X, o super aplicativo que Elon Musk pretende construir, integrando uma quantidade inédita de dados. O produto poderá ser aplicado, entre outros setores, na construção civil, o maior mercado de mão de obra, com dezenas de milhões de empregados nos EUA.

Gilberto de Souza é jornalista, editor-chefe do Correio do Brasil.

Edições digital e impressa
 
 

Utilizamos cookies e outras tecnologias. Ao continuar navegando você concorda com nossa política de privacidade.

Concordo