A análise apresenta, ainda, informações sobre perspectivas futuras, políticas e regulamentos do setor em cada região do globo, inclusive no Brasil, que ganha um destaque na edição.
Por Redação - de São Paulo
O mercado de nióbio, no Brasil, de forma discreta, ganha projeção internacional a ponto de levar um grupo de empresários, cientistas e pesquisadores a lançar, nesta quinta-feira, um relatório de mercado que examina as tendências atuais relacionadas à demanda, oferta e vendas, em nível global. O relatório, acessado ao preço de US$ 4,250 mil para licença de usuário único, apresenta os principais atores, restrições e oportunidades no atual cenário.
A análise apresenta, ainda, informações sobre perspectivas futuras, políticas e regulamentos do setor em cada região do globo, inclusive no Brasil, que ganha um destaque na edição. O estudo fornece também o ranking de fabricantes, fornecedores, distribuidores, comerciantes, clientes, investidores e indivíduos que têm interesses neste segmento da indústria metalúrgica.
De acordo com pesquisa do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), citado no relatório internacional como fonte segura para consultas ao setor, o Brasil tem 98% das reservas mundiais do mineral. Em uma análise inicial, pode significar uma fortuna brasileira superior às reservas de petróleo, no pré-sal, ou as reservas de ouro, ferro e manganês, ainda inexploradas no solo do país.
Terras indígenas
O Canadá, de acordo com os pesquisadores, com cerca de 1,5% das reservas mundiais, propicia, com o produto da exploração do nióbio, saúde e educação inteiramente gratuitas, além de outros benefícios disponíveis aos canadenses. No Brasil, se o nióbio (Nb) fosse explorado e comercializado segundo as regras de mercado, com os recursos encaminhados à educação, saúde, moradia, transportes e segurança, haveria a imediata melhoria na qualidade de vida da população. As reservas brasileiras do mineral estão calculadas na casa das dezenas de trilhões de reais, segundo projeções de mercado.
O geólogo Fred Cruz, hoje consultor jurídico do DNPM, ainda na década de 80 do século passado, subsidiou uma série de reportagens em jornais de Manaus que descreviam, de um lado, a pujança das riquezas minerais do Alto Rio Negro, sobretudo São Gabriel da Cachoeira, e de outro, o contrabando de ouro para os países vizinhos e, de lá, para a Europa e EUA. Ainda em 2019, a mesma polêmica voltou à pauta em Belém, desta vez na reunião do Parlamento Amazônico, presidida pelo deputado estadual Sinésio Campos (PT).
O encontro foi marcado por um debate sobre a nova rota comercial formada por rodovias e hidrovias para unir os oceanos Pacífico e Atlântico, por meio da Amazônia, e a exploração mineral em terras indígenas. O superintendente regional do Serviço Geológico do Brasil, Marco Antonio Oliveira, levantou o assunto.Nó górdio
Segundo afirmou, a Amazônia é parte da solução para a crise econômica que se agrava, no país, principalmente diante dos efeitos da pandemia sobre o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro.
— No Amazonas, há um imenso depósito de tantalita, minério usado na produção de eletroeletrônicos, sobretudo smartphones. Mas está tudo localizado em terras indígenas ou reservas naturais. Na Reserva Biológica Estadual do Morro dos Seis Lagos, em São Gabriel da Cachoeira, existe uma jazida de nióbio que vale US$ 1 trilhão. Só falta ser usada — afirmou o dirigente da CPRM.
A convivência entre a exploração do nióbio, um metal encontrado em profundidades superficiais na Amazônia; a floresta e as tribos indígenas, no entanto, é um nó górdio que autoridades, organizações da sociedade civil e as mais diferentes instâncias governamentais devem enfrentar.