Europeus reduzem ajuda à Ucrânia e começam a isolar Zelensky
Dados divulgados neste domingo pelo Instituto da Economia Mundial de Kiel, da Alemanha, que rastreia doações militares, financeiras e humanitárias para a campanha ucraniana, desde o início do conflito, mostram que seis dos principais países da área de inclusão geopolítica do Continente Europeu evitaram se comprometer com novas doações ao aliado.
Dados divulgados neste domingo pelo Instituto da Economia Mundial de Kiel, da Alemanha, que rastreia doações militares, financeiras e humanitárias para a campanha ucraniana, desde o início do conflito, mostram que seis dos principais países da área de inclusão geopolítica do Continente Europeu evitaram se comprometer com novas doações ao aliado.
Por Redação, com agências internacionais - de Berlim e Washington
A guerra que se esperava curta, torna-se arrastada. Perto de seis meses desde a tomada de territórios ucranianos pela Rússia, a Europa começa a perceber a extensão do atoleiro em que se encontra e, nas últimas semanas, tem reduzido drasticamente o envio de recursos ao governo do presidente Volodymyr Zelensky, suspeito de vender parte do armamento conseguido em doações dos vizinhos europeus e dos EUA para o mercado negro.
Zelensky ainda pediu que G7 faça esforços para a guerra terminar neste ano
Dados divulgados neste domingo pelo Instituto da Economia Mundial de Kiel, da Alemanha, que rastreia doações militares, financeiras e humanitárias para a campanha ucraniana, desde o início do conflito, mostram que seis dos principais países da área de inclusão geopolítica do Continente Europeu — Reino Unido, Alemanha, França, Espanha, Itália e Polônia — evitaram se comprometer com novas doações para o aliado. Mais de € 4 bilhões (cerca de R$ 20 bilhões) foram transferidos por essas mesmas nações, em abril.
A Ucrânia não está à míngua devido ao apoio insistente dos Estados Unidos. Meio ano depois, as autoridades de toda a Europa estão preocupadas que o raro consenso formado entre os EUA e as nações europeias possa desmoronar à medida que o continente entra em um inverno sombrio puxado pelo aumento dos preços dos alimentos, energia limitada para aquecer as casas e a possibilidade real de uma recessão.
Chantagem
Ao canal norte-americano de TV CNN, autoridades e diplomatas ocidentais falaram sob condição de anonimato e descreveram, abertamente, as questões sensíveis entre os governos. Em uma possível amostra das medidas mais draconianas que estão por vir, a capital alemã, Berlim, apagou as luzes que iluminam os monumentos para economizar eletricidade, enquanto as lojas francesas foram instruídas a manter as portas fechadas enquanto o ar-condicionado estiver ligado, ou poderão ser multadas.
O presidente Zelensky, que capturou a imaginação do Ocidente e colocou pressão nos países para apoiar seu esforço de guerra, pode encontrar dificuldade em chamar a atenção de seus colegas líderes europeus à medida que o conflito se prolonga.
— O desafio para a Ucrânia é o mesmo do primeiro dia: manter o Ocidente ao seu lado enquanto os custos do apoio a Kiev chegam lá, não apenas a chantagem de Putin quanto ao gás e grãos, mas também o custo do apoio econômico e humanitário. Talvez seja por isso que Zelensky disse que queria que a guerra terminasse antes do Natal, porque o grande problema será fazer com que o Ocidente cumpra suas promessas a longo prazo — disse Keir Giles, consultor sênior do think tank Chatham House, à CNN.
Gás russo
A crise do combustível no inverno é algo em que as autoridades e diplomatas europeus estão pensando diariamente, uma vez que a Rússia é responsável por cerca de 55% do total de importações de gás da Europa em 2021. Os países europeus também têm sede de petróleo russo, com quase metade das exportações russas de petróleo indo para o continente. A União Europeia (UE) importou 2,2 milhões de barris de petróleo bruto por dia em 2021.
— Dentro da União Europeia, será muito difícil, mas devemos tentar cumprir nossa promessa de cortar a Rússia quando se trata de lucros de gás e outras fontes — resumiu um diplomata europeu sênior, referindo-se a um acordo firmado entre o Estados-membros da UE que reduz o uso de gás russo em 15%.