Ataque cometido pelo "Estado Islâmico" matou cerca de 180 pessoas, a ampla maioria civis afegãos que tentavam deixar o país em meio à retirada de tropas dos EUA.
Por Redação, com DW - de Cabul
A Casa Branca comunicou nesta quarta-feira que o mentor de um atentado suicida no aeroporto de Cabul, em agosto de 2021, no qual morreram cerca de 170 civis afegãos e 13 militares americanos, foi morto pelo regime dos talebãs no Afeganistão.
Ele era um dos líderes do grupo extremista "Estado Islâmico-Khorasan" (EI-K) e estava diretamente envolvido na preparação de operações terroristas no Afeganistão, disse o porta-voz do Conselho de Segurança dos Estados Unidos, John Kirby.
Inicialmente nem os Estados Unidos e aparentemente nem o Talebã se deram conta de que o mentor do atentado havia sido morto. Somente nos últimos dias os EUA conseguiram confirmar a morte, "com alto grau de segurança", segundo um agente da espionagem.
Mais detalhes, incluindo a identidade do morto, as circunstâncias ou mesmo a data da morte, não foram revelados.
De acordo com a agência de notícias Associated Press, que citou responsáveis que pediram para não serem identificados, o dirigente foi morto durante uma série de batalhas entre os talebãs e o EI-K, no início de abril, no sul do Afeganistão.
A Casa Branca ressaltou que os EUA não estiveram envolvidos na operação. "Deixamos claro para o Talebã que é da responsabilidade deles não permitir que terroristas, sejam eles da Al-Qaida, sejam do EI-K, encontrem refúgio" no Afeganistão, acrescentou Kirby.
Atentado suicida
Em 26 de agosto de 2021, o "Estado Islâmico" cometeu um atentado suicida durante a retirada dos soldados norte-americanos do Afeganistão, ordenada pelo presidente Joe Biden e que resultou em cenas caóticas.
Entre as vítimas do atentado estão 13 soldados norte-americanos que protegiam um dos portões do aeroporto de Cabul enquanto uma multidão de afegãos tentava abandonar o país, depois de os talibãs terem tomado o poder. O autor do atentado detonou um explosivo em meio à multidão que se reunia do lado de fora do portão.
Refúgio para o terrorismo
Os talebãs afegãos tomaram o poder no Afeganistão em agosto de 2021, na sequência da retirada das tropas dos EUA e da Otan, após 20 anos de guerra.
O Departamento de Defesa dos EUA considera que o Afeganistão voltou a ser um centro de coordenação terrorista internacional, em dois anos de poder dos talebãs, incapazes de impedir o ressurgimento do Estado Islâmico.
Uma série de documentos secretos do Pentágono, recentemente divulgados, indicam que o "Estado Islâmico" está planejando, com a participação da ramificação afegã, ataques na Europa e na Ásia e quer fazer o mesmo nos Estados Unidos.
O regime talebã considera o "Estado Islâmico" uma organização terrorista e, desde agosto de 2021, empreendeu operações contra esconderijos do grupo, sem, no entanto, conseguir impedir vários ataques.