O índice de 65% de apoio à proibição das bets aumenta para 78% quando a pergunta envolve jogos de azar como os caça-níqueis virtuais (a exemplo do ‘Jogo do Tigrinho’). Apenas 27% defendem a liberação das apostas, e 8% não opinaram.
Por Redação, com Brasil de Fato – de Brasília
A maioria da população brasileira (65%) é contrária à liberação das apostas online, conhecidas como bets. Também há rejeição às propagandas que divulgam esse tipo de jogo: 71% dos brasileiros acham que os anúncios deveriam ser proibidos. Os dados fazem parte de pesquisa do instituto Datafolha, divulgada no último sábado.

O levantamento considera questões de gênero, faixa etária e religião entre o público, além de detalhar opiniões em aspectos de saúde mental. Ao todo, foram 1.935 entrevistas presenciais em 113 municípios de todas as regiões do país neste mês de novembro. A margem de erro é de dois pontos percentuais, para cima ou para baixo, considerando um intervalo de confiança de 95%.
Rejeição às atividades
O índice de 65% de apoio à proibição das bets aumenta para 78% quando a pergunta envolve jogos de azar como os caça-níqueis virtuais (a exemplo do ‘Jogo do Tigrinho’). Apenas 27% defendem a liberação das apostas, e 8% não opinaram.
O estudo também mostrou maior rejeição entre mulheres (68%), sendo sete pontos percentuais acima do público masculino (61%). A faixa etária também altera a percepção dos brasileiros sobre as apostas esportivas, com preponderância de restrição maior (81%) nas pessoas acima de 60 anos.
A diferença entre evangélicos e católicos que se opõem às apostas fica dentro da margem de erro, com 66% para os primeiros e 63% para os segundos. Em relação à saúde mental, 54% do público considera as apostas online como um vício.
Contra as propagandas
Os dados de desaprovação foram ainda maiores (71%) quando a pergunta do levantamento destacou as propagandas de sites de apostas online. Na questão de gênero, novamente o público feminino ficou à frente, com 75%, enquanto entre os homens é de 67%.
No aspecto religioso, a resistência é maior entre evangélicos (74%) e católicos (72%), e a maioria (59%) acredita que o jogo online prejudica a sociedade. Sobre os canais de propaganda, 32% percebem as redes sociais como o maior impulsionador das atividades.
Saúde pública
O Ministério da Saúde anunciou em outubro uma ampliação nas ações de assistência para pessoas com vício em apostas, em resposta ao crescimento do consumo das bets e das apostas online. Pesquisa da Universidade de São Paulo (USP) estima que cerca de 2 milhões de pessoas são viciadas em jogos no Brasil.
A ministra da Saúde, Nísia Trindade, comunicou um reforço nas ações das Equipes de Saúde da Família, com abordagem mais focada nesse cenário. As afirmações foram feitas após reunião interministerial com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
– Na saúde, temos de olhar ao mesmo tempo a questão da prevenção e promoção da saúde nessa questão dos jogos. Em termos de prevenção é importante o reforço dessa pauta, por exemplo, no Programa Saúde na Escola. Os programas educativos são fundamentais – explicou Trindade.
Além disso, Trindade informou que propôs uma nova classificação internacional de doenças relacionadas ao “jogo patológico”. Ela ressaltou a importância de diferenciar os jogos online, que requerem medidas específicas de tratamento e prevenção.
O Sistema Único de Saúde (SUS) já oferece atendimento para pessoas viciadas em jogos. O cuidado é realizado principalmente por meio da Rede de Atenção Psicossocial (Raps), que inclui os Centros de Atenção Psicossocial (Caps).