Rio de Janeiro, 19 de Dezembro de 2024

Estudo detalha campanhas de desinformação financiadas por Musk em 2024

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Quarta, 11 de Dezembro de 2024 às 12:49, por: CdB

O relatório aponta que campanhas apoiadas por doações anônimas, conhecidas como “dinheiro obscuro”, desempenharam um papel significativo na disseminação de desinformação.

Por Redação, com Byte – de Washington

Um estudo conduzido pelo projeto ElectionGraph, uma parceria entre a Universidade de Syracuse e a Neo4j, destacou o impacto de anúncios digitais financiados por grupos externos durante a eleição presidencial dos Estados Unidos em 2024.

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Silhuetas de donald Trump (esq.) e Elon Musk (dir.)

O relatório aponta que campanhas apoiadas por doações anônimas, conhecidas como “dinheiro obscuro”, desempenharam um papel significativo na disseminação de desinformação, com foco em mensagens direcionadas para públicos específicos.

Entre os principais insights do relatório, está o uso de plataformas como Facebook e Instagram por comitês de ação política (PACs) financiados por Elon Musk para veicular anúncios voltados a eleitores da vice-presidente Kamala Harris. Essas campanhas abordaram temas sensíveis como a guerra entre Israel e Palestina e a proibição de cigarros mentolados, com estratégias ajustadas para diferentes grupos demográficos.

Campanhas segmentadas e mensagens contraditórias

Um exemplo citado no estudo é a campanha do PAC Building America’s Future, que promoveu 50 anúncios entre abril e outubro de 2024, gastando mais de US$ 1 milhão. Esses anúncios abordaram principalmente imigração e a proibição de cigarros mentolados, uma questão relevante para eleitores negros, já que 81% dos fumantes dessa população consomem cigarros mentolados. A segmentação visava afastar eleitores negros dos candidatos democratas.

Outros anúncios financiados por Musk utilizaram mensagens conflitantes para explorar divisões entre grupos religiosos e étnicos. Em Michigan, anúncios destacaram o apoio de Harris a Israel para desmobilizar eleitores árabes e muçulmanos, enquanto na Pensilvânia, a mesma campanha sugeriu alinhamento de Harris com a Palestina, buscando afastar eleitores judeus.

No total, os PACs apoiados por Musk gastaram mais de US$ 6,4 milhões em anúncios nas plataformas Meta, gerando mais de 286 milhões de impressões.

Desinformação e regulamentação fraca

Jennifer Stromer-Galley, pesquisadora-chefe do ElectionGraph e professora da Universidade de Syracuse, enfatizou os perigos desse tipo de campanha. “Nos últimos dias da eleição, grupos obscuros com motivos pouco claros veicularam anúncios enganosos com o objetivo de manipular a compreensão do público sobre as políticas da candidata Harris”, afirmou. Segundo ela, a falta de regulamentação sólida em anúncios digitais deixa o público vulnerável a narrativas enganosas.

Embora o Meta permita acesso a dados de anúncios por organizações aprovadas, plataformas como TikTok, Google e Snapchat não oferecem a mesma transparência, limitando a rastreabilidade de campanhas de desinformação em larga escala.

Ferramentas tecnológicas para mapear redes de desinformação

O ElectionGraph utilizou bancos de dados grafos da Neo4j para mapear conexões entre contas que amplificavam narrativas falsas. Jim Webber, cientista-chefe da Neo4j, destacou a eficiência da tecnologia em revelar padrões de coordenação entre grupos aparentemente independentes. “Os pesquisadores conseguiram mapear vastas redes de desinformação e expor estruturas complexas desse conteúdo problemático, que tinha o potencial de enganar os eleitores”, afirmou.

O projeto, financiado por uma bolsa e com suporte da Neo4j, encerra um ano de pesquisa focada em tendências de desinformação durante as eleições. Além do relatório, os pesquisadores desenvolveram um painel público que permite explorar os dados coletados.

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