Rio de Janeiro, 23 de Dezembro de 2024

A estagflação é uma realidade no país, avalia Guido Mantega

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Segunda, 22 de Agosto de 2022 às 09:34, por: CdB

Professor de Economia Aplicada na Fundação Getúlio Vargas (FGV), Mantega afirmou ainda que auxílios sociais concedidos pela gestão Jair Bolsonaro e Paulo Guedes vão gerar algum crescimento sem sustentação e que os preços dos alimentos tendem a permanecer altos. Mantega avalia, ainda, que a inflação atual é resultado da pandemia de covid-19.

Por Redação, com RBA - de São Paulo
O Brasil vive, hoje, “uma estagflação, uma economia crescendo pouco e uma inflação alta”. Esta é a avaliação do economista Guido Mantega, ministro da Economia mais longevo da República. Em recente entrevista ao canal digital de TV Rede TVT, Mantega apontou tanto as causas da inflação quanto da falta de crescimento econômico, no país.
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Ex-ministro da Fazenda, Guido Mantega avalia que a economia brasileira passa por um momento de extrema dificuldade
Professor de Economia Aplicada na Fundação Getúlio Vargas (FGV), Mantega afirmou ainda que auxílios sociais concedidos pela gestão Jair Bolsonaro e Paulo Guedes vão gerar algum crescimento sem sustentação e que os preços dos alimentos tendem a permanecer altos. Mantega avalia, ainda, que a inflação atual é resultado da pandemia de covid-19, da guerra na Ucrânia e da elevação de preços, como energia, combustíveis e alimentos. — A Petrobras praticou uma política de preços equivocada, subiu mais que o necessário — afirmou o ex-ministro.

Alimentos

Sobre alimentos, explicou que a alta vem de uma demanda internacional, com preços em dólar, aliada à inação de Bolsonaro e o ministro da Economia, Paulo Guedes. — O governo não providenciou uma oferta maior de alimentos, por exemplo, estimulando pequenos produtores, como a agricultura familiar. Também não tem mais estoques reguladores, como tinha no passado. Tudo isso faz com que haja um encarecimento muito grande do custo de vida. O principal item de consumo das pessoas é o alimento e esse preço não vai cair — acrescentou. Ele calcula, ainda, que a inflação média do país gira em torno de 11% em 12 meses, “mas para a população de baixa renda é de 16%, 18%, 20%.”

Estagnação

Sobre a estagnação da economia, Guido Mantega chamou o crescimento dos últimos quatro anos de “pífio”. Ele calcula que se for de 2% em 2022, o acumulado será de 3,9%, ou menos de 1% ao ano. — No governo Lula, o país crescia 4% em média, teve ano que crescemos 7,5%”, disse. O economista explicou o que levou o país à estagnação. Em vez de estimular a indústria, o setor agrícola, exportações, eles ficaram privatizando as empresas estatais. Diminuindo investimentos. O investimento é o dinamizador da economia, gera emprego, aumenta a renda, tem um efeito multiplicador — afirmou. De acordo com o ex-ministro, o governo atual congelou o salário mínimo, “e até diminuíram em 1,7%, diminuíram salário com as reformas que fizeram e a renda média mensal está dois mil seiscentos e pouco, menor que em 2014”. — Nosso mercado consumidor encolheu — sustentou.

Transfusão

O economista espera crescimento um pouco maior esse ano por conta de um impulso gerado pelos auxílios implementados pelo governo. — É um ano eleitoral, estão fazendo uma série de medidas pontuais, passageiras, que dão um crescimento um pouco maior, mas não é sustentável, não tem investimento — advertiu. Mantega usou a alegoria de um paciente com hemorragia para explicar o efeito. — Você vai lá e faz uma transfusão de sangue. Ele dá uma melhorada, passageira, mas a hora que acabar a transfusão ele volta para situação em que está se debilitando — concluiu.
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