Segundo o Instituto de Arqueologia Brasileira (IAB), a Gruta do Gentio II é um dos mais completos sítios arqueológicos do país, seja em termos de variedade, seja em relação ao grau de conservação dos artefatos identificados, preservados graças às características do microclima no interior da caverna.
Por Redação, com ABr - de Brasília
Arqueólogos e antropólogos ligados à Universidade de Brasília anunciaram a retomada das pesquisas na Gruta do Gentio II. Localizado em Unaí (MG), a menos de 200 quilômetros da região central da capital federal, o sítio arqueológico começou a ser explorado no final da década de 1970, tendo sido palco da descoberta, em 1977, do corpo mumificado de uma menina que, segundo especialistas, morreu há cerca de 3,5 mil anos. Além de Acauã, como a múmia foi batizada, em homenagem ao pássaro de mesmo nome que é comumente encontrado na região, dezenas de artefatos e desenhos rupestres de importância histórica e científica foram localizados durante as escavações anteriores. Segundo o Instituto de Arqueologia Brasileira (IAB), a Gruta do Gentio II é um dos mais completos sítios arqueológicos do país, seja em termos de variedade, seja em relação ao grau de conservação dos artefatos identificados, preservados graças às características do microclima no interior da caverna. Ainda segundo o IAB, a própria Acauã acabou sendo naturalmente mumificada graças ao clima da caverna. O corpo foi encontrado junto a diversos artefatos funerários, indicando que a menina foi sepultada. Suas pernas e braços estavam envoltos por colares de sementes de capim navalha, o que sugere que a criança gozava de um status diferenciado, especial. Além disso, o corpo foi coberto por uma fina rede de algodão que, por sua vez, foi recoberta por couro animal, o que favoreceu que os restos mortais fossem preservados.
De acordo com os estudiosos da UnB, o abrigo rochoso é um importante testemunho da longa ocupação no Brasil Central, permitindo aos especialistas buscar compreender como diversos grupos humanos circulavam entre o Cerrado, a Amazônia e o Nordeste há até cerca de 11 mil anos.
O potencial arqueológico da região motivou a criação do chamado Projeto Arqueologia e História Indígena no Brasil Central (Phibra), que, além de pesquisadores da UnB, reúne representantes das universidades da Flórida (EUA); Federal do Oeste do Pará (Ufopa) e do Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade de São Paulo (USP). As pesquisas na região foram autorizadas pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e começaram a ser planejadas já há alguns meses.