Primo do estudante de Geologia da USP assassinado, o autor Camilo Vannuchi disse ao Instituto Vladimir Herzog que a repercussão do caso teve efeitos no modus operandi da ditadura. Isso porque foi a morte nos porões do DOI-Codi foi considerada um “tiro no pé” e ajudou a forjar a luta por verdade, justiça e reparação no país.
Por Redação – de São Paulo
O jornalista e escritor Camilo Vannuchi lança, nesta nesta terça-feira, o livro ‘Eu só Disse o Meu Nome’ (Editora Discurso Direto), que marca os 51 anos do assassinato do estudante Alexandre Vannucchi Leme pela pelos agentes da ditadura. Aluno do 4º ano do curso de Geologia da USP, Alexandre tinha apenas 22 anos quando foi preso e levado para a sede do DOI-Codi na capital paulista em 16 de março de 1973. Não sobreviveu a dois dias de torturas comandadas pelo então major Carlos Alberto Brilhante Ustra.
Seus pais só viriam a saber que o filho estava morto no dia 23, após a construção de uma versão oficial mentirosa, segundo a qual ele teria morrido atropelado ao fugir da polícia. E ainda foi sepultado como indigente, em uma cova no Cemitério de Perus, na capital paulista.
Protesto
Uma assembleia no Instituto de Geociências da USP naquele mesmo dia deliberou decreto de luto e greve em protesto. E também a organização de uma comissão para investigar a verdadeira causa da morte de Alexandre e a prisão de outros estudantes.
Os estudantes deliberaram, ainda, a realização de uma missa, celebrada pelo arcebispo dom Paulo Evaristo Arns em 30 de março, na Catedral da Sé. Era o primeiro grande protesto desde a instauração do Ato Institucional nº 5, em dezembro de 1968.
Primo do estudante de Geologia da USP assassinado, o autor Camilo Vannuchi disse ao Instituto Vladimir Herzog que a repercussão do caso teve efeitos no modus operandi da ditadura. Isso porque foi a morte nos porões do DOI-Codi foi considerada um “tiro no pé” e ajudou a forjar a luta por verdade, justiça e reparação no país.