Rio de Janeiro, 05 de Dezembro de 2025

Enquanto Bolsonaro desdenha da crise, equipe econômica corta previsão do PIB

Diante de debates cada vez mais intensos sobre eventual flexibilização do teto de gastos para permitir o aumento dos investimentos públicos, a Secretaria de Política Econômica (SPE) defendeu a manutenção do mecanismo, afirmando que ele possibilita a redução do risco, o que tem impacto estrutural nos juros, estimulando a economia.

Quarta, 11 de Março de 2020 às 15:47, por: CdB

Diante de debates cada vez mais intensos sobre eventual flexibilização do teto de gastos para permitir o aumento dos investimentos públicos, a Secretaria de Política Econômica (SPE) defendeu a manutenção do mecanismo, afirmando que ele possibilita a redução do risco, o que tem impacto estrutural nos juros, estimulando a economia.

Por Redação - de Brasília
Embora o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) tenha desdenhado da pandemia que se abate sobre o planeta, com reflexos diretos no Brasil, a equipe econômica cortou, nesta quarta-feira, sua projeção de crescimento econômico neste ano em 0,3 ponto percentual, a 2,1%, reconhecendo os impactos do coronavírus sobre a produção. Reforçou, no entanto, a mensagem de que a resposta do país ao ambiente mais desafiador deve ser dada com a realização de reformas.
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No Rio de Janeiro foi confirmado o terceiro caso de infecção por coronavírus
Diante de debates cada vez mais intensos sobre eventual flexibilização do teto de gastos para permitir o aumento dos investimentos públicos, a Secretaria de Política Econômica (SPE) defendeu a manutenção do mecanismo, afirmando que ele possibilita a redução do risco, o que tem impacto estrutural nos juros, estimulando a economia. A SPE pontuou ainda que as Propostas de Emenda à Constituição (PECs) do Pacto Federativo já encaminhadas ao Congresso “criam condições para a estabilidade fiscal”.

Cenário

Em janeiro, a SPE havia previsto uma alta de 2,4% para o Produto Interno Bruto (PIB) neste ano. Na Lei Orçamentária Anual aprovada pelo Congresso, cujos parâmetros seguem vigentes, foi considerada uma expansão de 2,3% para a economia. Economistas independentes, no entanto, já avaliam que o PIB deste ano poderá ficar abaixo de 1,5%. Segundo a SPE, a diminuição de agora reflete um cenário provável com os impactos econômicos do coronavírus. No cenário otimista, a redução no PIB foi calculada em 0,1 ponto e no pessimista, em 0,5 ponto em relação aos 2,4%. Com a atualização, a estimativa do governo ficou mais próxima, mas ainda superior à expansão de 1,99% esperada pelos economistas para a economia neste ano, conforme boletim Focus mais recente.

Parâmetros

Para o primeiro trimestre, a equipe econômica projetou uma alta de 0,20% do PIB sobre os três meses anteriores, com ajuste sazonal, e de 1,84% ante igual etapa de 2019, ressaltando que os dados já incorporam os efeitos adversos da epidemia de coronavírus nos preços dos ativos. “Estamos monitorando de perto os desdobramentos do Covid-19 e a recente queda no preço do petróleo e reafirmamos que a melhor resposta ao novo cenário é perseverar com as reformas fiscais e estruturais”, disse a SPE, em nota. Em nova grade de parâmetros macroeconômicos, a perspectiva de alta do IPCA neste ano foi reduzida a 3,12%, contra 3,62% em janeiro e 3,53% na LOA, em outra variável que também deve pressionar as receitas para baixo.

Contigenciamento

Os novos dados serão levados em conta na confecção do próximo relatório bimestral de receitas e despesas, a ser publicado até o dia 22. Nele, o governo fará novas projeções de quanto arrecadará e quanto gastará, levando em conta os eventos ocorridos até aqui. Na véspera, o secretário especial de Fazenda, Waldery Rodrigues, já afirmou que o contingenciamento de recursos é “cenário mais provável” para garantir a meta de déficit primário de 124,1 bilhões de reais para o governo central.
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