O primeiro-ministro Mohammed Shia al-Sudani busca um segundo mandato em um exercício que um eleitorado jovem e crescente vê cada vez mais como um veículo para os partidos estabelecidos dividirem a riqueza petrolífera da nação do Oriente Médio.
Por Redação, com Reuters – de Bagdá
Os iraquianos começaram a votar nesta terça-feira nas eleições parlamentares para escolher uma nova legislatura de 329 membros, informou a televisão estatal, com o encerramento das votações em todo o país previsto para as 18h (horário local, 12h em Brasília).

O primeiro-ministro Mohammed Shia al-Sudani busca um segundo mandato em um exercício que um eleitorado jovem e crescente vê cada vez mais como um veículo para os partidos estabelecidos dividirem a riqueza petrolífera da nação do Oriente Médio.
A previsão é de que o bloco de Sudani conquiste o maior número de cadeiras, mas não alcance a maioria, o que pode significar meses de negociações pós-eleitorais entre muçulmanos xiitas e sunitas, bem como partidos curdos, para dividir os cargos do governo e escolher um primeiro-ministro.
As eleições no Iraque são cada vez mais marcadas pelo baixo comparecimento. Muitos eleitores perderam a fé em um sistema que não conseguiu romper um padrão de captura do Estado por partidos poderosos com apoiadores armados, enquanto os iraquianos comuns reclamam da corrupção endêmica, dos serviços precários e do desemprego.
O comparecimento às urnas é projetado por analistas e pesquisadores para cair abaixo do 41% registrado em 2021, graças, em parte, à desilusão geral e ao boicote do clérigo xiita populista Moqtada al-Sadr, que conta com centenas de milhares de eleitores em sua base de apoio principal.
Candidatos jovens
A votação deste ano apresenta uma série de candidatos jovens que esperam entrar na política, mas suas chances contra as antigas redes de clientelismo são incertas.
– Esta eleição não dependerá da popularidade. Dependerá do dinheiro gasto – disse o ex-primeiro-ministro Haider al-Abadi em uma entrevista televisionada no mês passado.
Os analistas alertam que a baixa participação entre os civis poderá corroer ainda mais a confiança em um sistema que, segundo os críticos, beneficia poucos e negligencia muitos.
– Para os 21 milhões de eleitores registrados do Iraque, a votação de terça-feira pode fazer pouco mais do que endossar uma ordem política familiar – disse o analista político Ahmed Younis, de Bagdá.
– Não se espera que os resultados façam mudanças drásticas no mapa político iraquiano.
Ainda assim, a votação, cujos resultados são esperados após vários dias, ocorre em um momento delicado para o país.
O próximo governo precisará navegar pelo delicado equilíbrio entre a influência dos Estados Unidos e do Irã e administrar dezenas de grupos armados que estão mais próximos de Teerã e que respondem mais aos seus próprios líderes do que ao Estado, ao mesmo tempo em que enfrenta a crescente pressão de Washington para desmantelar essas milícias.