Ativista de extrema direita Alex Jones foi sentenciado a pagar US$ 4,11 milhões por espalhar mentiras sobre o massacre de Sandy Hook. Pais de vítimas relataram que receberam ameaças por causa das ações de Jones.
Por Redação, com DW - de Washington
Dono do site de desinformação Infowars, o ativista de extrema direita norte-americano Alex Jones foi condenado pela primeira vez pela Justiça dos EUA por espalhar informações falsas, negando a existência do pior atentado a uma escola na história dos Estados Unidos: o massacre de Sandy Hook, em 2012, em que 20 crianças com idade entre seis e sete anos e seis funcionários foram mortos por um jovem de 20 anos com livre acesso a armas de fogo. A decisão da Justiça do Estado do Texas sentenciou Jones na quinta-feira ao pagamento de indenização no valor de US$ 4,11 milhões (R$ 21,4 milhões) à família de uma das crianças mortas no ataque. O valor total pode ser ainda maior, já que os pais, Neil Heslin e Scarlett Lewis, ainda aguardam decisão do tribunal em Austin sobre o valor de outras indenizações. O jornalista alegou falsamente que o tiroteio em Sandy Hook havia sido uma "encenação” orquestrada por interessados em aumentar o controle sobre armas nos Estados Unidos, no país, famoso pelo acesso fácil a armas de fogo e massacres recorrentes, há menos cidadãos que armas em poder de civis. O valor total da indenização nesse caso, que ainda não foi estipulado, poderá estabelecer um marco no futuro para outros processos contra Jones e o deixa sob pressão financeira. Também levanta dúvidas sobre a existência do Infowars no futuro, o site foi banido do YouTube, Spotify e Twitter por propagar mensagens que incitam o ódio. A defesa de Jones havia pedido à Justiça que limitasse o valor das compensações a US$ 8. O próprio jornalista chegou a afirmar que qualquer sentença acima de US$ 2 milhões significaria a sua ruína. Jones é amplamente conhecido em círculos de extrema direita e seu estilo serviu de modelo para imitadores mundo afora. Ele já foi chamado pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro, de "guerreiro" e suas publicações já foram compartilhadas por figuras do bolsonarismo como as deputadas Bia Kicis e Carla Zambelli. Em março de 2020, Jones entrevistou o filho do presidente da República sobre os perigos do "socialismo (...) e como o despertar global está acontecendo e levará a grandes coisas para os amantes da liberdade" Além de espalhar mentiras sobre o massacre de Sandy Hook, Jones regularmente repete teorias conspiratórias sobre os atentados de 11 de Setembro, o ex-presidente Barack Obama, a pandemia de covid-19 e sobre uma suposta “Nova Ordem Mundial”. Mais recentemente, ele esteve diretamente envolvido no protesto de 6 de janeiro de 2020 que resultou na invasão da sede do Congresso norte-americano por uma turba de extremistas.