Ao declarar vitória total sobre o grupo radical islâmico e anunciar retirada das tropas norte-americanas, presidente dos EUA apela a aliados europeus para que assumam responsabilidade por extremistas detidos na Síria.
Por Redação, com DW - de Washington
O presidente norte-americano, Donald Trump, pediu no sábado que a Europa assuma a responsabilidade por centenas de combatentes do "Estado Islâmico" detidos na Síria e ameaçou libertá-los caso isso não aconteça. – Os EUA pedem a Reino Unido, França, Alemanha e outros aliados europeus que recebam de volta 800 combatentes do EI capturados por nós na Síria e que os levem a julgamento – disparou Trump numa série de publicações no Twitter. "O califado está prestes a cair. E não é uma boa alternativa sermos forçados a libertá-los." As declarações de Trump reforçam o apelo feito por seu vice-presidente Mike Pence, que, em visita à Europa, sugeriu que os europeus deveriam assumir maior responsabilidade na Síria, no momento em que os norte-americanos retiram suas tropas. – Os EUA não querem que esses combatentes do EI se permeiem pela Europa, que é para onde espera-se que eles vão – continuou Trump no Twitter. "Nós estamos nos retirando [da Síria] após 100% de vitória sobre o califado.” O presidente norte-americano afirmou esperar que as potências europeias forneçam pessoal e material necessários para garantir a segurança da região e evitar que o "Estado Islâmico" e outras organizações extremistas retomem o território. Em dezembro passado, Trump pegou de surpresa aliados ao anunciar que os EUA estavam retirando as tropas da Síria e que o "Estado Islâmico" havia sido derrotado. Mas observadores e especialistas se apressaram em apontar que o grupo terrorista não estava totalmente derrotado e que a saída norte-americana não só abandonaria aliados importantes na região, como facilitaria um novo despertar da insurgência islâmica. As Forças Democráticas da Síria (FDS), uma milícia curda apoiada pelos EUA, começaram na semana passada uma ofensiva para expulsar o EI do vilarejo de Baghz, a única área ainda sob controle extremista, perto da fronteira com o Iraque. Há também temores de que, sem a presença norte-americana, a Turquia poderia lançar uma nova ofensiva contra a milícia curda, que é controlada pelas Unidades de Proteção do Povo Curdo (YPG). Ancara considera as YPG um braço do movimento separatista curdo PKK, que é classificado como terrorista pelo governo turco.