Encerrado o pagamento do benefício para a maioria das pessoas, aumentou o percentual de famílias que tiveram queda na renda por causa do coronavírus, segundo a pesquisa. Entre os que receberam alguma parcela do auxílio emergencial, 51% afirmaram ter perda de renda na pesquisa realizada no início de dezembro.
Por Redação, com FSP - de São Paulo
Um contingente de mais de 40 milhões de brasileiros, ou um total de 69% que receberam o auxílio emergencial não têm outra fonte de renda para substituir o benefício e se encaminham, rapidamente, para a miséria Levantamento do Instituto Datafolha, divulgado nesta segunda-feira, revela que 40% da população solicitou o auxílio.
“Entre aqueles que tiveram direito a ele, 89% já receberam a última parcela. Afirmaram ter economizado recursos para quando o auxílio terminasse 38% dos beneficiados. Na média, foram pagas 4,5 parcelas do auxílio a cada beneficiado. O instituto ouviu, por telefone devido às restrições sanitárias da pandemia, 2.030 pessoas em todo o Brasil. A margem de erro é de dois pontos percentuais”, acrescenta o estudo, publicado na última edição do diário conservador paulistano Folha de S. Paulo (FSP).
Encerrado o pagamento do benefício para a maioria das pessoas, aumentou o percentual de famílias que tiveram queda na renda por causa do coronavírus, segundo a pesquisa. Entre os que receberam alguma parcela do auxílio emergencial, 51% afirmaram ter perda de renda na pesquisa realizada no início de dezembro. Agora, são 58%. Na pesquisa anterior, 14% dos beneficiários apontavam ter tido aumento de renda. Agora, são 12%, oscilação dentro da margem de erro.
Levantamento
Em dezembro, o auxílio tinha garantido a manutenção do nível de renda familiar para 34% dos beneficiados entrevistados. Em janeiro, eram 29% os que estavam com o mesmo nível de renda anterior à pandemia.
O fim do auxílio está entre os fatores que contribuíram para o aumento na reprovação do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
Segundo a pesquisa Datafolha, o presidente é avaliado como ruim ou péssimo por 40% da população, ante 32% que assim o consideravam na rodada anterior da pesquisa, no começo de dezembro. Já quem acha o presidente ótimo ou bom passou de 37% para 31% no novo levantamento.
Sem chance
Embora haja pressão para prorrogar o benefício, medida que é discutida inclusive pelos candidatos à presidência da Câmara dos Deputados e do Senado, o gasto adicional é descartado pelo Ministério da Economia e visto como um risco para a política econômica por grande parte do mercado financeiro. A pressão por novos gastos se deve à demora para vacinação da população e o aumento das medidas de distanciamento social neste início de 2021.
A pesquisa mostrou, no entanto, que a equipe econômica avalia que o momento não demanda medidas nesse sentido, a não ser que haja um novo fechamento amplo de atividades decretado por governadores e prefeitos. Em 2020, o auxílio foi pago por meio de crédito extraordinário. Por isso, o dinheiro não foi contabilizado como despesa para apuração do limite do teto de gastos. Para que o mesmo não ocorra em 2021, seria necessário recorrer ao mesmo expediente.
De acordo com o painel de gastos com a pandemia elaborado pela IFI (Instituição Fiscal Independente), dos R$ 524 bilhões pagos pelo governo federal em todas as ações relacionadas ao enfrentamento da Covid-19 até o momento, R$ 293 bilhões se referem ao auxílio. Ainda há cerca de R$ 2 bilhões liquidados, mas que ainda não foram pagos (restos a pagar em 2021).
Ano corrente
As primeiras parcelas do auxílio foram pagas em abril, mas há pessoas que só conseguiram liberar o benefício ou fizeram a solicitação posteriormente. De acordo com o site da Caixa, há beneficiários que ainda receberão a última parcela, em alguns casos mais de uma, até o final de janeiro.
Houve também uma sobra de R$ 28,9 bilhões autorizados por lei, mas que só poderiam ser utilizados caso houvesse uma prorrogação do benefício para o ano corrente. Projeção da IFI aponta, por exemplo, que seria possível pagar mais três parcelas de R$ 300 a 25 milhões de pessoas a um custo aproximado de R$ 15 bilhões.
“Segundo a Caixa, 67,9 milhões de pessoas receberam o benefício (4 em cada 10 brasileiros em idade de trabalhar.). Destes, 19,2 milhões estão inscritos no Bolsa Família e voltaram a receber o benefício desse programa a partir de janeiro”, conclui a FSP.