Segunda, 14 de Fevereiro de 2022 às 12:33, por: CdB
Atual líder da extrema-direita, Bolsonaro tende ainda a criar projetos que serão “bombas fiscais” para o próximo presidente eleito. Um dos exemplos citados por Romão é a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) dos combustíveis, conhecida como PEC ‘Kamikaze’.
Por Redação, com RBA - de São Paulo
Os indicativos de que o presidente Jair Bolsonaro (PL) tende a perder as eleições, em outubro deste ano, ainda no primeiro turno, tendem a levar o possível candidato para uma campanha na base do “tudo ou nada”. É o que avalia o cientista político da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) Wagner Romão, em entrevista à agência brasileira de notícias Rede Brasil Atual (RBA), nesta segunda-feira.
Atual líder da extrema-direita, Bolsonaro tende ainda a criar projetos que serão “bombas fiscais” para o próximo presidente eleito. Um dos exemplos citados por Romão é a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) dos combustíveis, conhecida como PEC ‘Kamikaze’, que permite uma ampla redução de impostos sobre os combustíveis e pode ter um impacto de mais de R$ 100 bilhões por ano para os cofres da União.
Cenário
Para o cientista político, Bolsonaro começa a atirar em diversas direções em busca de apoio político.
— Isso começou com a conexão de Bolsonaro com o Legislativo, através do orçamento secreto, vem mantendo a base política do governo federal e também é uma busca pela manutenção do seu poder. A PEC da tributação dos combustíveis é outro ponto forte, que pode se voltar contra ele mesmo, sendo uma bomba fiscal para 2023 — alertou o especialista.
Na última sexta-feira, pesquisa Ipespe mostrou que permanece na liderança absoluta da corrida eleitoral,com 43% das intenções de voto. Seu principal oponente, Jair Bolsonaro apresenta 25%. O levantamento aponta possibilidade de vitória de Lula no primeiro turno, uma vez que a distância entre a soma de todos os outros candidatos (46%) e a pontuação de Lula (43%) é menor do que a margem de erro, que é de 3,2 pontos percentuais.
— Diferente das eleições passadas, que teve Bolsonaro posicionado como apolítico, o eleitor está em busca de um nome que já conhece. Lula é visto como uma alternativa à gestão ruim de Bolsonaro. Enquanto isso, o Brasil não possui um terceiro nome que consiga contrapor o bolsonarismo. Então, o cenário de segundo turno entre os dois está quase consolidado — avalia Romão.
Federação
A reunião, feita na última quinta-feira, entre PT, PSB, PCdoB e PV sobre a formação de uma federação partidária e eleições nacionais “foi muito positiva”, segundo o deputado federal Paulo Teixeira (PT-SP). Apesar do avanço, Marcio França, que o PSB quer lançar como candidato ao governo de São Paulo, e Fernando Haddad, nome do PT para o mesmo posto, são pivôs do principal impasse entre os principais partidos da possível federação.
Wagner Romão diz que as federações são uma novidade importante das eleições de 2022, pois permitem a criação de uma base política forte, principalmente para Lula vencer Bolsonaro.
— A federação buscada pelo PT, por exemplo, mostra a ideia de dialogar para além de si próprio e ter uma base forte no Congresso. A federação é nacionalizada, portanto, é uma construção que obriga a união em eleições estaduais e municipais. E isso pode inviabilizar esse pacto — calcula.
Progressista
O professor da Unicamp afirma ainda o impasse para o governo de São Paulo é “natural”, pois considera consistentes os dois nomes, porém, acredita que Haddad pode ter mais força pela necessidade mudança política no Estado.
— Haddad é um candidato muito forte e está bem nas pesquisas. Com Alckmin no vice de Lula, o petista ganha muita força para o governo estadual. Enquanto isso, França possui dificuldade de ter apoio da base progressista, porque formava governo com o PSDB poucos anos atrás — concluiu.